Incertezas, desaceleração e Brexit influenciam câmbio

Veja como incertezas no cenário econômico europeu, avanços na negociação do Brexit, negociação entre Estados Unidos e China e sinais de desaceleração econômica influenciaram o câmbio da semana.

A Alemanha continua em situação ambígua perante ao resto do mundo. O Reino Unido, apesar das complicações do Brexit, mostra que a terra da Rainha ainda tem força. No Brasil, após o resultado deflacionário do IPCA, os dados de venda do varejo em agosto ficaram positivos, porém, dentro das expectativas do mercado. Os EUA mantiveram o IPC abaixo da meta de inflação do Federal Reserve (Fed). Acompanhe o desenrolar desses acontecimentos.

Dólar: avanço nas negociações entre Estados Unidos e China

O Dólar comercial começou a semana cotado a R$ 4,0563 e fechou o pregão de segunda-feira (7) cotado a R$ 4,1071. Trata-se de uma depreciação do Real em torno de 1,25%.

Na segunda-feira o real teve uma boa desvalorização, mas o movimento não foi intensificado durante a semana. Mesmo que em determinado momento da quinta-feira (10) a cotação tenha batido a máxima de R$ 4,1371, fechou o dia em R$ 4,1101 variando em -0,01% em relação a abertura. 

Embora não haja uma explicação exata para essa depreciação do Real na semana, boa parte pode ser compreendida pela expectativa das tratativas comerciais entre EUA e China que começaram na quinta-feira e concentram as atenções do mercado nesta sexta-feira. 

Há muitas dúvidas sobre os possíveis resultados concretos desse encontro, o que ajuda a conter um pouco o otimismo dos investidores. Por ora, todos parecem aguardar notícias.

Aqui no Brasil, a aprovação em votação do acordo da cessão onerosa no plenário da Câmara na noite de quarta-feira (9) teve desdobramentos sobre o câmbio, o que abriu as portas para que a votação em segundo turno da reforma da Previdência no Senado se realizasse.

Nesse contexto, o Dólar saiu de R$ 4,0563 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (4) negociada na casa dos R$ 4,1089. O Real acumula, portanto, uma depreciação de aproximadamente 1,3%. 

Libra Esterlina: boas expectativas para o Brexit

A Libra Esterlina oscilou e se fortaleceu esta semana, com a esperança de que Reino Unido e União Europeia conseguirão resolver suas diferenças no caso do divórcio entre eles e fecharão um acordo. 

Em relação ao Real, a Libra abriu a semana cotada a R$ 5,0001. A moeda britânica seguiu trajetória de apreciação,  mas chegou a perder força na quarta-feira (9), quando foi negociada a R$ 5,0056, mas rapidamente voltou a ganhar força. 

O movimento da Libra foi novamente capitaneado pelas investidas do primeiro-ministro Boris Johnson em sua tentativa de não estender o prazo para o Brexit, em linha com o movimento das últimas semanas.

Johnson tem feito um esforço significativo para salvar seu plano de Brexit depois de ser avisado pelos líderes europeus de que o acordo não seria aprovado. O atual presidente da UE disse que tudo está “uma grande bagunça”.

Ainda assim, depois de quarta-feira, BoJo se reuniu com Leo Varadkar, o primeiro-ministro irlandês, na tentativa de romper o impasse em meio a críticas fortes pelo fracasso em progredir antes da cúpula da próxima semana na UE.

Mas tudo indica que o caminho finalmente está se pavimentando. Segundo o próprio primeiro-  monstro irlandês, Johnson pode garantir um acordo sobre o Brexit já na próxima semana.

Nesse contexto, após uma semana bastante puxada para a Libra Esterlina, a moeda se manteve em uma trajetória de depreciação, sendo negociada no patamar de R$ 5,1916 na primeira hora do pregão de sexta-feira (11). Na semana, a depredação do Real em relação à moeda britânica é de quase 4%.

Euro: impacto positivo dos avanços do Brexit

Com relação ao Euro, a semana também foi bastante pautada pelos avanços no Brexit. A moeda Europeia abriu a semana cotada a R$ 4,4517, e ganhou força em relação ao Real até sexta-feira

Como informaram jornais internacionais, as conversas entre Johnson e Varadkar na quinta-feira produziram o que os dois chamaram de “caminho para um acordo”. Ao passo que o presidente do Conselho da União Europeia, Donald Tusk, considerou bem-vindo em uma declaração formal nesta sexta-feira (11)

No entanto, cabe destacar que o presidente da UE lembrou que, mesmo com o “caminho para um acordo” pavimentado, não há garantias de sucesso, ou seja, da efetivação do acordo, uma vez que o tempo não joga a favor.

Assim sendo, na primeira hora do pregão desta sexta-feira, o Euro foi cotado a R$ 4,5576, uma depreciação semanal do Real de aproximadamente 2,25% em relação à moeda europeia. Em relação ao Dólar americano, o Euro ganhou 0,71% do seu valor na semana entre segunda e sexta.

Perspectivas

O que esta semana nos trouxe definitivamente se resume em uma palavra: esperança. Dados positivos vindos de Inglaterra e EUA deram a tônica da agenda de indicadores econômicos.

No Brasil, também, os dados do IPCA chamaram a atenção e reforçaram a perspectiva de queda dos juros por aqui. isso, por sua vez, colocou o Real em rota de depreciação.

Será que estamos no caminho certo? Só o tempo dirá!!

Seguimos de olho.

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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