De Olho no Câmbio #217: Sem desculpas para a Selic alta

Depois de uma forte tempestade causada pelas falências bancárias nos Estados Unidos e pela venda do Credit Suisse ao UBS, nos deparamos com mais uma rodada de aumento dos juros no Reino Unido e nos Estados Unidos, além da manutenção da Selic por parte do Copom.

Não que o aumento dos juros por lá tenha nos causado espanto, já esperávamos por estes movimentos, mas depois da quebra do Silicon Valley o mercado chegou a sugerir que o melhor caminho para o Banco Central Europeu, o Fed e o BoE suspendessem seus ciclos de aperto monetário, movimento que acabou não se materializando.

Real vs Dólar
Real vs Euro
Real vs Libra Esterlina

Apesar da continuidade do clima de incerteza em relação aos agentes dos sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa, a moeda brasileira também está submetida a volatilidades provocadas por elementos domésticos.

A apresentação do novo arcabouço fiscal, marcada para a primeira semana de abril, deve dar dinâmica própria ao mercado de câmbio, a despeito do risco de desvalorização provocado pelos recentes episódios envolvendo o Deutsche Bank.

Por outro lado, há um incipiente movimento de desinflação no Brasil e diversos indicadores endossam as projeções de que os preços aos consumidores devem continuar cedendo até o mês de junho. Se essa expectativa se materializar da forma como as projeções estão apontando neste momento, o Copom não terá mais como manter a Selic em 13,75% na reunião de junho.

O ciclo de cortes da Selic está a caminho, só resta saber se terá início em maio ou junho. E, apesar da relação dos juros americanos e brasileiros provocaram mudanças no câmbio, é importante dizer que a taxa real de juro do Brasil está tão elevada que reduções graduais da Selic não devem provocar saída de capitais ou desvalorizações mais importantes do real.

Seguimos de olho.

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