De Olho no Câmbio #268: Inação do Fed e do Banco Central Europeu deve impedir ganhos do Real

Apesar da desvalorização do real ao longo da semana, o mercado de câmbio apresentou relativa estabilidade nos últimos dias, aguardando a decisão de política monetária do Federal Reserve. Prevê-se que o Fed mantenha as taxas de juros inalteradas, mas o comunicado pós-reunião pode fornecer pistas sobre futuras ações. Na Zona do Euro, os dados de inflação na Alemanha e na França indicaram convergência dos preços para as metas do Banco Central Europeu, gerando uma reação positiva, porém cautelosa, com os líderes esperando por mais informações antes de ajustar a política de juros do bloco. Em outras palavras, Fed e BCE devem ficar inertes pelos próximos meses, impedindo maiores ganhos do real.

Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$4,9812 na segunda-feira (11/mar), um nível 0,5% superior à abertura da semana anterior (4/mar). A cotação da moeda estrangeira registrou aumento ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (15/mar) cotado a R$4,9942, patamar 1,2% superior à abertura da sexta-feira anterior (8/mar). Entre as aberturas desta sexta (15/mar) e da segunda-feira da semana anterior (4/mar), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 0,8%.

Apesar da desvalorização do real ao longo desta semana, o mercado de câmbio apresentou uma estranha estabilidade nos últimos dias. Essa relativa tranquilidade na cotação do dólar em relação ao real também foi observada em comparação com outras moedas não conversíveis, indicando a expectativa do mercado pela decisão de política monetária do Federal Reserve, agendada para a próxima semana.

A previsão é de que o Federal Reserve mantenha as taxas de juros inalteradas nos Estados Unidos, porém, o comunicado emitido após a reunião pode fornecer indícios sobre as próximas ações do comitê de política monetária norte-americano. Os dados econômicos mais recentes, incluindo atividade econômica, emprego e inflação, indicam que dificilmente o Fed iniciará o ciclo de cortes de juros antes do final do primeiro semestre de 2024, com as expectativas agora parcialmente ancoradas na reunião de julho.

Essa perspectiva de uma postura mais conservadora do Federal Reserve nos próximos meses tem impedido uma continuação do movimento de valorização do real, observado na transição de 2023 para 2024.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (11/mar) cotado a R$5,4513. Na abertura desta sexta-feira (15/mar), a cotação foi de R$5,4360. Portanto, houve uma valorização de 0,3% do real frente à moeda europeia, revertendo o movimento de desvalorização que foi observado na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0938 na segunda (11/mar) para US$1,0885, nesta sexta (15/mar). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,5% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

A semana dentro da Zona do Euro ficou marcada pela divulgação definitiva da inflação ao consumidor das duas principais economias do bloco, França e Alemanha, além do discurso do vice-presidente do Banco Central Europeu Luis de Guindos.

Em fevereiro, na comparação anual, a inflação na Alemanha continuou desacelerando: 2,5% contra 2,9% em janeiro. Importante destacar que a última vez que a inflação ficou abaixo de 2,5% foi em junho de 2021. Os dados mostraram também que, excluindo os preços de energia e alimentos, a inflação foi de 3,4%, mesmo patamar observado em janeiro, mas bem abaixo dos 5,7% observado em fevereiro de 2023.

Na França, foi observado forte crescimento da inflação na comparação mensal (+0,9% depois da deflação de 0,2% observada em janeiro); no entanto, em termos anuais, a inflação francesa foi de 3,0%, ligeira queda na comparação com fevereiro, que apontou 3,1%. Considerando apenas o núcleo da inflação, ou seja, excluindo os preços de energia e alimentação, houve desaceleração na inflação que saiu de 3,0% em janeiro para 2,7% em fevereiro.

A convergência da inflação para a meta estabelecida pelo Banco Central Europeu nas duas principais economias do bloco provocou reação positiva mas com a cautela peculiar dos europeus. O vice-presidente Luis de Guindos afirmou que os dados são positivos, mas que aguardará a divulgação de mais informações sobre a atividade econômica e inflação para decidir, na reunião de junho, se a autoridade monetária começará a flexionar a política de juros do bloco.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (11/mar) cotada a R$6,4053, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (8/mar), R$6,3659. Trata-se de uma valorização de 0,6% do real em relação à moeda britânica, revertendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior.

Já em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força essa semana, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (11/mar) cotada a US$1,2754 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2859, uma desvalorização de 0,8% da moeda britânica em relação ao dólar.

Nesta semana, o Reino Unido observou a divulgação de novos dados de atividade econômica, os quais apontaram para contextos distintos.

O PIB mensal apresentou um crescimento de 0,2% em janeiro, após recuar 0,1% no período anterior. Apesar do avanço, a economia britânica permanece 0,3% abaixo do registrado doze meses atrás, indicando continuidade da intensa desaceleração vista ao longo de 2023.

A produção industrial do Reino Unido, contudo, recuou 0,2%, também em janeiro. Tal resultado representa a maior contração do setor desde outubro.

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Perspectivas

Após os dados de atividade setorial apontarem para um contexto conturbado, com um forte avanço do varejo e queda da indústria, o Banco Central deve divulgar o IBC-Br de janeiro. A expectativa da Análise Econômica é de que o indicador mostre um avanço da economia brasileira, de 0,9%.

Tanto no cenário internacional quanto no Brasil, porém, ocorrem na próxima semana as decisões de taxas de juros. Por aqui, espera-se uma continuidade do ciclo de cortes da Selic, com a taxa sendo reduzida em mais 0,50%, para 10,75%.

Já nos Estados Unidos e no Reino Unido, as projeções sugerem uma manutenção nos patamares atuais, de 5,50% e 5,25%, respectivamente. A resiliência da atividade econômica e da inflação americana torna improvável uma redução dos juros por parte do Fed no primeiro semestre deste ano, ao mesmo tempo que dificulta o relaxamento monetário dos outros bancos centrais, sob o risco de desvalorização de suas moedas em relação ao dólar.

As altas taxas de juros no ambiente internacional, que devem durar pelo menos até o fim do primeiro semestre, devem seguir impedindo a tendência de valorização do real nas próximas semanas, a despeito do bom momento vivido pela moeda brasileira.

Seguimos de olho.

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