De Olho no Câmbio #271: O Fed provavelmente não cortará os juros no primeiro semestre

A moeda brasileira enfrenta um novo cenário desafiador após a divulgação de dados robustos sobre o mercado de trabalho dos EUA, com a criação de 303 mil novos empregos em março, indicando um aquecimento econômico significativo. A despeito de uma breve reversão na desvalorização do real após o discurso do presidente do Fed, a força do dólar persiste diante de indicadores favoráveis nos EUA. Enquanto isso, na Zona do Euro, a inflação acelera, mas a atividade econômica arrefece, mantendo o BCE inclinado a manter sua política monetária restritiva, o que limita o avanço do real em relação ao euro.

Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,0163 na segunda-feira (1/abr), um nível 0,3% superior à abertura da semana anterior (25/mar). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (5/abr) cotado a R$5,0583, patamar 1,0% superior à abertura da sexta-feira anterior (29/mar). Entre as aberturas desta sexta (5/abr) e da segunda-feira da semana anterior (25/mar), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 1,1%.

A moeda brasileira deve ampliar as perdas da semana depois que os dados do Escritório de Estatística do Trabalho dos Estados Unidos (BLS) informou que o país criou cerca de 303 mil novos postos de trabalho em março. O número veio muito acima do que o mercado havia projetado e sugere que o processo de sobreaquecimento da economia norte-americana prevalece.

Mais cedo, nos primeiros dias da semana, os resultados da pesquisa JOLTs e ADP já haviam sugerido força do mercado de trabalho estadunidense no primeiro trimestre de 2024, e isso já havia influenciado a cotação do dólar em relação à maioria das moedas do mundo.

O movimento de desvalorização do real havia sido parcialmente revertido depois que o mercado interpretou o discurso do presidente do Federal Reserve como brando, se comparado com o comunicado expedido logo após a última decisão de política monetária.

No entanto, por trás da fala de Powell já havia a influência dos dados da pesquisa ADP, e não tardou até que a moeda americana voltasse a avançar sobre o real e demais divisas não-conversíveis. O dólar perdia espaço para o real nas primeiras horas da sexta-feira, mas os números do payroll não devem oxigenar esse movimento.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (01/abr) cotado a R$5,4131. Na abertura desta sexta-feira (05/abr), a cotação foi de R$5,4732. Portanto, houve uma desvalorização de 1,1% do real frente à moeda europeia, revertendo o movimento de valorização que foi observado na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0788 na segunda (01/abr) para US$1,0837, nesta sexta (05/abr). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,5% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

A despeito da política monetária restritiva do Banco Central Europeu, a inflação da Zona do Euro segue acelerando. Em março, o índice de preços apontou para um avanço de 0,8%, o maior resultado desde maio do ano anterior.

Ao mesmo tempo, contudo, o nível de atividade econômica continua a arrefecer, como mostram os números do varejo europeu em fevereiro, que mostraram um recuo de 0,5%. 

A leitura contrasta com os dados dos PMIs nos últimos meses, os quais vinham apresentando uma tendência de alta, com o indicador composto chegando a ultrapassar os 50 pontos, seu patamar neutro, em março.

Com a resiliência da inflação europeia, somada ao atual contexto da economia americana, é improvável que o BCE opte por reduzir as taxas de juros no primeiro semestre, o que deve continuar a impedir o caminho para a valorização do real em relação ao euro.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (01/abr) cotada a R$6,3306, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (05/abr), R$6,3930. Trata-se de uma desvalorização de 1% do real em relação à moeda britânica, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior.

Já em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força essa semana, seguindo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (05/abr) cotada a US$1,2639 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2631, uma valorização de 0,1% da moeda britânica em relação ao dólar.

Assim como no resto da Europa, o Reino Unido também atravessa um processo de desaceleração econômica. 

Embora os PMIs britânicos encontrem-se em patamar positivo — como demonstram os números de março que colocam o indicador composto em 52,8 pontos — as altas taxas de juros devem impedir que o nível de atividade se recupere de forma acentuada.

Apesar da política monetária restritiva, porém, a inflação britânica permanece acima do desejado pelo Bank of England, com o IPC tendo registrado um avanço de 0,6% em sua última leitura, referente ao mês de fevereiro.

Nesse sentido, é improvável que os juros britânicos sejam reduzidos no curto prazo, o que deve atuar contra o real ao longo das próximas semanas.

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Perspectivas

No Brasil, espera-se que o Banco Central efetue pelo menos um corte adicional de 0,5% na taxa Selic. No entanto, os recentes comunicados do Copom refletem preocupações com a inflação diante de reduções mais acentuadas nos juros. Assim, prevê-se outro corte seguindo o padrão anterior, embora sua magnitude possa ser atenuada conforme a dinâmica do mercado de trabalho nacional.

Nos EUA, os recentes dados divulgados hoje (5) sobre nível de emprego americano apontam para uma economia aquecida. Com isso, a tendência é que o corte de juros americanos se dê apenas no segundo semestre. 

A Zona do Euro segue com a economia patinando, sem conseguir emplacar um crescimento robusto. A despeito da atividade econômica em queda, a inflação segue acelerando e os juros devem continuar em patamares elevados. O ciclo de corte de juros europeu deve vir também na segunda metade de 2024.  

Com tais resultados, é improvável que o real consiga apresentar uma valorização relevante nas próximas semanas, enquanto as perspectivas continuam em torno da manutenção de políticas monetárias restritivas por parte das economias desenvolvidas.

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