De Olho no Câmbio #274: PIB menor e inflação maior nos EUA dificultam o trabalho do Fed

Os últimos dias testemunharam uma reversão nas tendências do mercado de câmbio, com o dólar perdendo parte do terreno conquistado anteriormente em relação a moedas de países em desenvolvimento, após uma desvalorização inicial refletindo uma menor aversão ao risco diante de sinais de crescimento econômico nos EUA. No entanto, essa mudança foi revertida com a divulgação dos dados preliminares do PIB dos EUA, que, apesar de indicarem um crescimento abaixo das expectativas, foram acompanhados por um aumento da inflação, dificultando a perspectiva de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve. Enquanto isso, na Zona do Euro, embora a confiança do consumidor tenha melhorado marginalmente, permaneceu negativa, com os dados preliminares do PMI industrial indicando contração, embora haja sinais de robustez no setor de serviços e uma melhora inesperada no clima de negócios na Alemanha.

Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,1941 na segunda-feira (22/abr), um nível 1,2% superior à abertura da semana anterior (15/abr). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (26/abr) cotado a R$5,1545, patamar 1,9% inferior à abertura da sexta-feira anterior (19/abr). Entre as aberturas desta sexta (26/abr) e da segunda-feira da semana anterior (15/abr), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 0,5%.

Depois de uma semana de forte desvalorização das moedas dos países em desenvolvimento, os últimos dias foram marcados por algumas correções, com o dólar perdendo parte do espaço alcançado nos últimos pregões.

A moeda americana começou a semana se desvalorizando em relação ao real e o conjunto de moedas fortes do DXY, refletindo uma menor aversão ao risco depois que o mercado digeriu as informações de que a economia dos Estados Unidos estaria crescendo acima do ritmo desejado no primeiro trimestre do ano.

Tal movimento, de valorização do dólar, foi totalmente revertido na última quinta-feira (25), depois da divulgação dos dados preliminares do PIB estadunidense. A informação de que a economia dos Estados Unidos cresceu muito menos do que o projetado pelos economistas deveria trazer alívio para as moedas não-conversíveis como o Real, mas não foi isso que aconteceu.

Segundo o Departamento de Comércio americano, o PIB dos Estados Unidos cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano, percentual bem abaixo da projeção do mercado, que esperava por um avanço de 2,5% em termos anualizados. Junto com os dados do PIB, no entanto, foram divulgados os percentuais de inflação relativos ao primeiro trimestre de 2024, e foi aí que o dólar voltou a ganhar força em relação às demais divisas.

O Personal Consumption Expenditures (PCE), índice de preços mais observado pelo Fed, mostrou que a inflação subiu subiu significativamente no primeiro trimestre em comparação com o último trimestre do ano passado, dificultando ainda mais a vida do Federal Reserve, que não deve cortar tão cedo as taxas de juros nos Estados Unidos.

No campo doméstico, a limitação dos gastos com o programa Perse e a entrega do projeto de lei que regulamenta a reforma tributária diminuíram a exposição do real e evitaram um movimento mais agudo de desvalorização.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (22/abr) cotado a R$5,5350. Na abertura desta sexta-feira (26/abr), a cotação foi de R$5,5363. Portanto, houve uma desvalorização de 0,02% do real frente à moeda europeia, revertendo o movimento de valorização que foi observado na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0653 na segunda (22/abr) para US$1,0729, nesta sexta (26/abr). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,7% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

A semana na Zona do Euro começou com a prévia da confiança do consumidor melhorando na margem (-14,7 ante -14,9 pontos) mas ainda fortemente em terreno negativo, denotando o pessimismo com relação ao futuro da economia do bloco. 

O pessimismo do consumidor reflete na atividade industrial da região. As prévias do PMI Industrial das duas principais economias, Alemanha e França, e do bloco como um todo continuam em terreno negativo, denotando contração.  Importante salientar apenas que a preliminar do PMI Industrial alemão apresentou ligeira melhora na comparação com o consolidado de março.

Por outro lado, o setor de serviços aparenta manter robustez. As prévias do PMI de serviços aceleram, na comparação mensal, na Alemanha e na França bem como na Zona do Euro como um todo – todas elas acima dos 50 pontos, fronteira entre expansão (acima de 50 pontos) e contração (abaixo de 50 pontos).

Por fim, a divulgação do índice Ifo de clima de negócios na Alemanha apresentou melhora acima do esperado e acima do mês anterior e a terceira melhora em sequência evidenciando que as empresas estão mais satisfeitas com os negócios atuais, com melhores expectativas sobre o futuro.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (22/abr) cotada a R$6,4267, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (26/abr), R$6,4559. Trata-se de uma desvalorização de 0,4% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força essa semana, revertendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (26/abr) cotada a US$1,2510 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2371, uma valorização de 1,1% da moeda britânica em relação ao dólar.

No Reino Unido, a semana iniciou com dados mistos de prévia de PMI: industrial desacelerando e serviços em expansão. O PMI industrial de abril ultrapassou a barreira da neutralidade, fechando no terreno contracionista (48,7) bem abaixo do esperado; por outro lado PMI Serviços manteve-se no campo expansionista atingindo a marca de 54,9, acima do projetado.

Os preços dos insumos apresentaram forte elevação no mês de abril, maior resultado em 11 meses. O setor de serviços tem apresentado aceleração inflacionária na comparação com a indústria; essa pressão inflacionária decorre, quase que exclusivamente, da elevação nos salários. Por outro lado, o índice de preços ao consumidor apresentou moderação, mas ainda acima da meta de inflação.

Por fim, as expectativas nos negócios para os próximos 12 meses permanecem otimistas – são maiores do que em qualquer mês de 2023. Os empresários do setor de serviços demonstraram maior otimismo do que os industriais; estes demonstram o menor otimismo no ano. O maior otimismo em ambos os segmentos demonstram o vislumbre, dentre outras coisas, de melhores condições econômicas nos próximos meses.

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Perspectivas

Embora os dados do primeiro trimestre sugiram que a economia dos Estados Unidos esteja perdendo parte do ritmo, os números semanais do mercado de trabalho de abril contam outra história. O volume semanal de novos pedidos de seguro-desemprego tem ficado persistentemente abaixo das projeções do mercado financeiro, indicando que a maior economia do mundo entrou no segundo trimestre do ano em ritmo forte.

Além da ausência de garantias mais sólidas de que a economia americana esteja de fato desacelerando, os dados de inflação voltaram ao centro do debate. Com os dados do PCE relativos ao primeiro trimestre ficou ainda mais difícil imaginar algum corte de juros pelo Fed antes da reunião marcada para o mês de setembro.

Com isso, o Fed deve subir o tom na próxima reunião de política monetária, marcada para os dias 30 de abril e 1º de maio, deixando a porta aberta para a manutenção dos juros por um período muito mais distendido do que o projetado pelo mercado.

A escalada dos juros de longo prazo nos Estados Unidos, que atingiram o nível mais alto em cerca de cinco meses ao longo desta semana, em conjunto com um Fed mais conservados, devem impedir grandes movimentos de valorização da moeda brasileira ao longo dos próximos dias.

Tal movimento também deve ser visto no euro e na libra esterlina, que também devem permanecer valorizadas em relação ao real, refletindo o aumento do clima de incerteza econômica em nível global.

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