Dólar em desaceleração

Com o processo de impeachment de Donald Trump a todo vapor nos EUA, um processo de deterioração monetária entra em curso no Brasil. A perspectiva de desaceleração da economia americana pode causar ondas também na economia brasileira.

O Dólar comercial começou a semana cotado a R$ 4,1618 e fechou o pregão de segunda-feira (30) cotado a R$ 4,1556. Trata-se de uma apreciação do Real em torno de 0,15%.

Desde segunda que o Real tem valorizado fortemente e os mercados passaram por um processo de queda intensa. O Ibovespa, por exemplo, começou a semana na casa dos 105 mil pontos e abriu o pregão de sexta (4/10) na casa dos 101 mil pontos.

A explicação por trás do movimento varia. Mas há um consenso: há um processo de deterioração em curso. Boa parte da apreciação do Real pode ser explicada pelas expectativas de queda dos juros nos EUA que, por sua vez, são reflexo da perspectiva de desaceleração da maior economia do mundo. 

Mas há um pequeno problema com essa explicação: o privilégio exorbitante. Já tratei neste espaço em outras oportunidades sobre o seu significado. O privilégio exorbitante decorre do simples fato de o Dólar ser a moeda de reserva global, desse modo, por mais que seu emissor esteja com problemas econômicos, os investidores continuarão recorrendo ao Dólar.

De todo modo, não podemos esquecer que os EUA se encontram em uma situação muito particular de sua história, tanto em termos econômicos quanto políticos. Politicamente, há em curso um inquérito contra o presidente Donald Trump para avaliar se ele cometeu crime de responsabilidade no caso das ligações para a Ucrânia. Nunca um presidente estadunidense foi derrubado até hoje, não por meio de um impeachment.

A situação toda depreciou bastante o Dólar durante esta semana e, por conseguinte, fortaleceu o Real. Por conta disso, é possível que as expectativas em torno da agenda de reformas tenha trazido um novo gás ao mercado, uma vez que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, segue em sua cruzada e já prepara novas pautas para o Congresso.

Nesse contexto, incertezas e preocupações se ampliam de forma bastante clara – especialmente por um processo mais amplo de deterioração política em curso na América Latina também. Assim a moeda americana saiu de R$ 4,1618 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (4) negociada na casa dos R$ 4,0816. O Real acumula, portanto, uma apreciação de aproximadamente 1,93%.

Veja também a análise para o euro e a libra esterlina.

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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