Eleições americanas elevam volatilidade cambial em 2020

A economista Glenda Mara Ferreira avalia como as eleições americanas podem mexer com o mercado de câmbio, especialmente se a temperatura do embate eleitoral aumentar.

Na continuação do que havíamos iniciado na última semana, vamos traçar quais são os principais pontos que você deve manter atenção para 2020. Afinal de contas queremos saber: o que pode influenciar o dólar no próximo ano?

Antes de mais nada, o primeiro semestre ainda deverá ser visto com um dólar mais fortalecido perante a nossa moeda. Além de todos os motivos do mercado doméstico já apontados, é preciso olhar também para além de nossas fronteiras.

O que esperar das eleições americanas?

Assim como sempre em nossa história, não passamos um minuto sem termos vários pontos de atenção para ficar no radar. Lá fora, apesar da aparente calmaria neste final de ano são muitos os motivos a temer em 2020.

Para começar, não podemos deixar o fator que principalmente irá mover os ativos ao redor do mundo: as eleições americanas. Após a surpresa com a eleição de Donald Trump em 2016, ele chega a 2020 com chances de reeleição.

Por ora, o país está crescendo em um ritmo confortável, o nível de emprego e de inflação estão sob controle, porém ninguém sabe o que irá acontecer em 2020.

Se podemos citar uma certeza é de que teremos muita volatilidade. O sobe e desce a cada nova pesquisa eleitoral será uma constante.

Este é o primeiro ponto, sem dúvidas. O dólar mais enfraquecido ou fragilizado (não apenas em comparação com o real brasileiro, mas em comparação com o mundo) será reflexo das perspectivas de como o novo líder da nação mais poderosa do mundo irá conduzir a economia e política.

Sinais de desaceleração podem elevar tensões internacionais

Na sequência, qualquer sinal de que as economias americana ou chinesa estejam mais fracas do que o esperado poderá elevar a tensão internacional, o que fará com que o dólar oscile perante o restante das moedas do mundo. Seja dado de varejo menor, PMI chinês, se um índice importante vier mais fraco, o sinal de alerta será ligado.

Por isso, quem olha para as oscilações da moeda no curto prazo, precisa acompanhar os principais dados econômicos e possíveis sinais de desaceleração.

Este ponto leva à trajetória dos juros americanos também merece ser acompanhada.

Durante 2019, o Fed (banco central americano) foi firme ao segurar os juros. Inclusive, acima do que o presidente Trump e alguns investidores julgavam como o ideal.

Aqui, vale fazer um comparativo com os juros de outras economias desenvolvidas, que estão menores ou até mesmo negativos, o que faz com que os EUA sejam uma das exceções.

A atuação do Fed seguiu dessa maneira, porque a autoridade monetária optou por deixar uma carta na manga. Caso observe que algum índice, como o nível de preços fora do ideal, irá agir. Como está tudo caminhando bem, optou por deixar para agir quando realmente for necessário – e não antes para estimular a economia do país que, segundo a sua visão, já está bem encaminhada.

Porém, caso o Fed atue com uma flexibilização monetária, a diferença dos juros americanos e de outras economias relevantes será reduzida, o que faz a situação mudar. Com o diferencial menor, o dinheiro internacional irá buscar retornos maiores.

Além desses pontos, não podemos negligenciar os cisnes negros, ou seja, eventos inesperados, que estão fora do radar da maioria das pessoas e que podem mudar todo o cenário.

Portanto, como já vimos acontecendo este ano. O dólar não está forte apenas contra o real, mas sim está forte em todo o mundo. Com o aumento das tensões, a sua tendência é se valorizar. Esperamos que 2020 traga uma boa dose de volatilidade na cotação da moeda forte e com o seu patamar mais alto como temos observado este ano.

Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira

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