O que é um fundo de Venture Capital?

A imprensa está repleta de histórias de sucesso de empreendedores do Vale do Silício, mestres da inovação, capazes de disruptar indústrias inteiras. Mas uma figura extremamente importante não está ali na maior parte das histórias: o investidor, principalmente aquele do Venture Capital.

A indústria de capital de risco é um motor e crescimento econômico para o mundo cada vez mais importante. Ela não é exatamente nova, está aí desde o início do capitalismo, com formas diferentes.

O dinheiro desses fundos desempenha um papel importante no meio do ciclo da inovação — o período na vida de uma empresa quando ela validou seus negócios, já passou pelo seu MVP e está ganhando tração, começando a comercializar sua inovação. Com isso, as startups passam a ser conhecidas por outro termo: scale-ups.

O Venture Capital não é dinheiro de longuíssimo prazo, tem um momento para realizar a saída. A ideia é investir em uma empresa até atingir um tamanho e credibilidade suficientes para que ela possa ser vendida para uma grande corporação ou abrir o capital. 

Em essência, o investidor de risco compra uma participação no negócio de um empreendedor, a alimenta por um curto período e, em seguida, sai com a ajuda de um banqueiro de investimentos.

Onde está o dinheiro?

A indústria dos investimentos se tornou uma indústria essencialmente global. Até os primeiros investimentos, você consegue opções nacionais suficientes – anjos, aceleradoras e alguns fundos rudimentares. 

Quando se trata de conseguir uma Série A, um investimento maior para abastecer o crescimento da sua empresa, as opções são quase todas estrangeiras.

E isso dificulta para muitos empreendedores, que não sabem como conquistar os seus investidores de fora do Brasil. Além de trabalhar para criar a condição ideal de crescimento e encantamento, muitos empreendedores se perdem nas burocracias de trazer dinheiro de fora do Brasil para cá.

Mas trazer dinheiro de fora para sua empresa não precisa ser um terror. Vários fundos de Venture Capital demandam uma estrutura muito simples, que você pode usar para trazer o dinheiro para o Brasil. 

A Remessa Online se especializou neste tipo de operação e tem as ferramentas necessárias para isso – de maneira que o empreendedor só precise pensar em como fazer sua empresa crescer.

Em qual momento o Venture Capital atua?

O nicho do venture capital existe devido à estrutura e às regras do mercado de capitais, que fazem com que empresas iniciantes não consigam acessá-los – imagine uma empresa que está validando seu negócio ter que abrir uma complexa área para atender investidores?

Além disso, os juros cobrados por bancos podem ser muito altos para a saúde financeira de startups, e é difícil você ver uma startup se financiar através de dívida. Até acontece, mas é muito, muito raro. Por conta disso, alguém com uma ideia ou uma nova tecnologia muitas vezes não tem outra instituição para recorrer.

O capital de risco preenche o vazio entre fontes de fundos para inovação (principalmente corporações, órgãos governamentais e outros investidores) e fontes tradicionais de capital de menor custo disponíveis. 

Preencher esse vazio com sucesso requer que a indústria de capital de risco tenha uns retornos atraentes para próprios participantes e potencial de upside suficiente para os empreendedores para atrair ideias de alta qualidade que gerarão tais retornos. 

Simplificando: o desafio é obter um retorno consistentemente superior sobre os investimentos do que as potenciais perdas.

O perfil de Investimento

Um mito é que os capitalistas de risco investem em boas equipes e boas ideias – você certamente já ouviu falar isso, provavelmente da boca de um VC. A realidade é que eles investem em boas histórias e bons segmentos. Em 1980, por exemplo, boa parte dos investimentos em capital de risco nos Estados Unidos foram para a indústria de energia.

O surgimento da internet fez com que isso mudasse radicalmente nos anos 1990 e 2000. E o smartphone trouxe inovações e disrupções que tornaram aplicativos os grandes queridinhos.A grande maioria dos investimentos destas épocas se concentraram nestes segmentos.

E dentro desses segmentos eles escolhem boas equipes e boas ideias. 

O Venture Capital evita tanto os estágios muito iniciais, quando as tecnologias são incertas e as necessidades do mercado são desconhecidas – validação, por exemplo -, quanto estágios posteriores, quando as consolidações no setor são inevitáveis e as taxas de crescimento diminuem drasticamente.

Em outras palavras, independentemente do talento ou carisma de empreendedores individuais, eles raramente recebem apoio de um VC se seus negócios estão em segmentos do mercado de baixo crescimento e potencial.

Escolher a indústria errada ou apostar numa tecnologia em um segmento de mercado não comprovado é algo que os VCs evitam. Exceções a esta regra tendem a envolver ações “conceituais”, aquelas que mantêm grande promessa, mas que levam muito tempo para ter sucesso – empresas que produzem “carne de plantas” foram financiadas por anos antes de seus produtos começarem a ser vendidos.

Ao investir em áreas com altas taxas de crescimento, os VCs diminuem principalmente seus riscos à capacidade da gestão da empresa de executar. Os investimentos deVC em segmentos de alto crescimento provavelmente terão mais oportunidades de saída, o que também garante uma liquidez superior. 

No Brasil, os investimentos em startups se concentram em alguns segmentos – como fintechs e proptechs – por conta disso.  

Enquanto os venture capitalists forem capazes de sair da empresa e da indústria antes que ela estagne, eles podem colher retornos extraordinários com risco relativamente baixo. 

Altas recompensas são pagas às equipes de gestão bem-sucedidas (muitas vezes através de pacotes de ações para funcionários) e seus fundadores, o que garante que os interesses estejam alinhados entre todos os players de uma operação.

A lógica de um investimento

Existem muitas variantes da estrutura básica do negócio, mas quaisquer que sejam as especificidades, a lógica do negócio é sempre a mesma: dar aos investidores do fundo de capital de risco ampla proteção contra downside e uma posição favorável para investimento adicional se a empresa se mostrar vencedora.

Uma cláusula que é comum ter em contratos, como proteção para o investidor, são as que impedem a diluição do investimento original. Tais cláusulas protegem contra a diluição de capital se forem realizadas rodadas subsequentes de financiamento a valores mais baixos. Caso a empresa vá mal e tenha que levantar mais dinheiro em uma avaliação mais baixa, o fundo de Venture Capital receberá ações suficientes para manter sua posição patrimonial original — ou seja, a porcentagem total do patrimônio líquido.

E se uma empresa está indo bem, os investidores desfrutam de cláusulas positivas para si, às vezes dando-lhes o direito de colocar dinheiro adicional no empreendimento a um preço pré-determinado, o chamado follow-on. 

Isso significa que os investidores de risco podem aumentar suas participações em startups bem-sucedidas a preços abaixo do mercado, garantindo o aumento de sua aposta apenas depois de poder ver o sucesso da empresa, o que minimiza o risco.

Os fundos de VC também se protegem do risco, co-investindo com outros do mesmo segmento. Normalmente, haverá um investidor “líder” e vários “seguidores”. 

É raro que um único VC financie inteiramente uma rodada de uma única empresa. Em vez disso, as empresas de risco preferem ter dois ou três grupos envolvidos na maioria das etapas de financiamento. 

Essas relações proporcionam uma maior diversificação de portfólio — ou seja, a capacidade de investir em mais negócios por dólar de capital investido.

Eles também diminuem a carga de trabalho dos parceiros de VC, envolvendo outros na avaliação dos riscos durante o período de due diligence e na gestão do negócio, permitindo que se invista em mais negócios também por isso. E a presença de várias empresas de VC agrega credibilidade ao investimento.

O lado positivo do Venture Capital para empreendedores

Embora a estrutura de negócios de capital de risco pareça colocar os empreendedores em uma grande desvantagem, eles continuam a procurar os fundos.

Os empreendedores — e seus amigos e familiares — geralmente não têm recursos para financiar a sua startup sozinhos, o que chamamos de bootstrapping. 

Muitos empreendedores também reconhecem os riscos em abrir seus próprios negócios e por isso evitam usar seu próprio dinheiro, para não quebrarem no futuro próximo. Alguns também reconhecem que não possuem todo o talento e habilidade para crescer e administrar um negócio de sucesso, e procuram ajudas para profissionalizar a gestão.

Em todas essas situações, os investidores são muito relevantes.

Por todas essas razões, o venture capital é um negócio atraente para os empreendedores, mas não para todas as pessoas. 

Aqueles que não têm novas ideias, fundos, habilidades ou tolerância para o risco de começarem algo sozinhos, podem e devem continuar suas trajetórias profissionais em empresas estabelecidas – e os fundos de venture capital são excepcionalmente bons em detectar fundadores que não deveriam estar empreendendo.

Mas é possível que um fundador seja inovador, porém apenas não seja a pessoa correta para liderar a empresa naquele momento – aconteceu com Larry Page no Google e com Steve Jobs na Apple, que tiveram que engolir CEOs de fora, por algum tempo, colocados ali por seus investidores.  

Mesmo que um fundador seja, em última análise, rebaixado à medida que a empresa cresce, ele ainda pode ficar rico porque o valor das ações que ele tem na startup vai superar em muito o valor de qualquer salário perdido.

Como agradar um Venture Capital

Ao entender como o capital de risco realmente funciona, empreendedores podem mitigar seus riscos e aumentar suas possibilidades de conseguir um bom negócio. Muitos empreendedores cometem o erro de pensar que os capitalistas de risco estão procurando boas ideias quando, na verdade, estão procurando bons segmentos e boas equipes capazes de colocar as ideias em execução. O valor de qualquer indivíduo para um VC é, portanto, uma função das seguintes condições:

  • O número de pessoas dentro da indústria de alto crescimento que estão qualificadas para o cargo;
  • O cargo em si (CEO, CFO, VP de P&D, técnico);
  • Suas habilidades, reputação e incentivos da pessoa para a empresa de VC;
  • A vontade de correr riscos; e
  • A capacidade de se vender.

Os empresários que satisfazem essas condições chegam à mesa com uma forte posição de negociação. O candidato ideal também tem um histórico dentro do seu segmento, que deixa o Venture Capital mais confortável e aumenta as chances de um bom negócio. Os VCs querem investir em pessoas comprovadas e bem-sucedidas.

Assim como os VCs, os empreendedores precisam fazer suas próprias avaliações sobre os fundamentos do segmento que estão inseridos, as habilidades e o financiamento necessários, e a probabilidade de sucesso em um período razoavelmente curto. Saber tudo isso é importantíssimo na hora de conversar com um fundo.

Em última análise, o empreendedor precisa mostrar ao capitalista de risco que sua equipe e ideia se encaixam na tese de investimento do VC. Quando o empreendedor entende as necessidades da fonte de financiamento e define as expectativas corretamente, tanto o VC quanto ele próprio podem ter reuniões mais produtivas, com maior chance de nascer um investimento. 


Conclusão sobre Venture Capital

Um fundo de venture capital é uma importante parte do ciclo de investimentos, que cumpre uma função específica depois dos anjos e do seed capital, mas antes também dos fundos de private equity e da abertura de capital. Ainda existe risco significativo dos investimentos, mas ele é menor do que quem investe bem no começo de cada empresa.

Empresas que devem buscar VCs precisam estar cientes de que o dinheiro deve ser utilizado para crescer, crescer, crescer – com poucas exceções. É o sinal de que uma start-up validou seu negócio, já passou do MVP e passa a demonstrar mais ambições. 

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