Roberto Giannetti fala sobre bastidores da economia e política

Roberto Giannetti da Fonseca, economista com longa trajetória no setor público e na iniciativa privada, conhece os bastidores da economia e da política, além dos desafios de implementar projetos e o esforço para viabilizá-los e fala sobre esses assuntos no episódio 18 do De Olho no Câmbio. 

Em seu mais recente livro, Penúltimas Memórias, Gianetti compartilha sua experiência em episódios vividos por ele entre 1995 e 2022 e relatos inéditos sobre eventos que afetaram a história atual  do país. 

Giannetti é uma das referências em temas ligados às relações internacionais e ao comércio exterior. Foi secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), vinculada à presidência da república durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Também atuou como diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp e presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Confira o resumo desta entrevista!

Qual o limite da escalada da taxa de juros americana?

Giannetti afirma que os Estados Unidos estão vivendo um momento muito peculiar, ainda reflexo da crise de 2008, que não terminou, pois teve efeitos colaterais que só estão sendo sentidos agora. 

Entre 2008 e 2009, durante quase 8 anos, os Estados Unidos fez uma política chamada quantitative easing, que nada mais é do que a expansão da oferta monetária, de forma inédita, coisa que trouxe tanta liquidez ao mercado que os juros vieram praticamente a zero e a percepção de que o aumento da base monetária iria causar um forte impacto na inflação de forma imediata. Surpreendentemente, não causou. Veio causar anos depois, quase como uma gripe que ficou alojada e, de repente, aflorou. 

Com a guerra da Ucrânia e a pandemia, essa inflação chegou. Ao chegar, assustou e começou o quantitative streaming, que é puxar a liquidez de volta. Com isso, de forma resumida, cria-se uma situação de descasamento de ativo e passivo para alguns bancos e instituições financeiras, e começam a quebrar alguns bancos na Califórnia e no Leste americano, ao qual surgem problemas de liquidez pois estavam alavancados à longo prazo, com taxas de juros muito baixas, e levantando dinheiro a curto prazo, que a taxa ficou alta. Obviamente, é uma falência anunciada.

Esse processo ainda está em curso e traz muita inquietude e incerteza sobre como vai evoluir a economia americana nos próximos meses e anos. O aumento da taxa de juros é inevitável, até porque, a economia americana continua crescendo à taxas satisfatórias, o que dá à inflação uma certa sustentação, pois existe demanda, o mercado de trabalho está ainda bastante robusto, o emprego está bem elevado, então, a resistência da inflação tende a ser maior. Só com a elevação da taxa que vai conseguir segurar um pouco a demanda e trazer para uma inflação mais acomodada e, certamente, vão buscar uma meta de inflação bastante ousada, o que vai fazer com que, na opinião de Giannetti, a taxa de juros ainda se eleve, trazendo volatilidade na taxa de câmbio. 

A Europa também ainda está instável por conta da guerra da Ucrânia e a China também apresenta um surpreendente decréscimo da economia com as importações caindo de forma inédita, por várias razões, que causam impacto em todo o mundo. 

O que acontece com o ciclo de corte da Selic em 2024?

A trajetória de queda de juro da Selic no Brasil deve continuar pois ainda estamos com uma taxa de juros muito elevada. 

De acordo com Giannetti, nossa inflação está entrando numa zona de acomodação e, em 2024, estima-se que ficará entre 3,5% e 4%. O presidente do Banco Central Roberto Campos Neto está atento ao mercado de taxa de juros e deve estabelecer a política correta de redução gradual da taxa selic, mas sem perder de vista a projeção futura. 

Giannetti acredita que vamos acomodar uma taxa selic de 8,5% e 9% no próximo ano, inflação de 3,5% e 4% e taxa de juros Real de 5%, o que ainda é alto, mas para o padrão brasileiro, sobreviveremos tranquilo.

Quando falamos da taxa de juros americano, Giannetti acredita que deve subir a 5,5%, quem sabe até 7%, dependendo da evolução da economia americana. Se ela continuar com a resiliência e sustentação que tem atualmente, os EUA e FED terão que buscar a meta da inflação aumentando a taxa de juros no limite que puder.

Qual é a estimativa da taxa de câmbio até o final do ano?

Giannetti declara que a taxa de câmbio deve estar ao redor de 5% até o final do ano. Esta estimativa é uma mediana da oscilação que está com uma volatilidade cíclica, por isso, não deve variar muito de 4,90% e 5%, a menos que tenha alguma surpresa ou aconteça algo muito relevante política ou economicamente que possa mudar esse quadro.

O especialista diz que existe uma pressão sobre o dólar e pelo aumento da taxa de juros nos EUA por uma aversão ao risco do mercado internacional. Estamos em um momento de retração da liquidez internacional, e isso, de certa forma, favorece a manutenção de uma taxa de câmbio aqui no Brasil por volta de 4,90% a 5% pois há muita saída de Real para Dólar buscando segurança.

Além disso, a situação delicada da Argentina respinga no Brasil e afeta o cenário brasileiro diante do câmbio no mercado internacional.

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De Olho no Câmbio é um conteúdo jornalístico produzido pela Remessa Online e sua transmissão ao vivo acontece semanalmente no canal do YouTube da Remessa Online.

Cada programa tem 1 hora de duração e aborda notícias do mercado de forma descomplicada, além de analisar temas da agenda econômica que podem influenciar as cotações das moedas estrangeiras como dólar, euro e libra esterlina ao longo da semana.

Apresentado pelos jornalistas Sidney Rezende e Rui Gonçalves e com comentários do Economista André Galhardo, o programa tem a participação de convidados renomados no mercado para enriquecer a discussão e está aberto à participação do público pelo chat.

A cada semana, os espectadores têm a oportunidade de compreender mais a fundo sobre o mercado e ficar por dentro de assuntos como câmbio, economia, investimento, Comércio Exterior, turismo e negócios.

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O programa acontece toda terça-feira, às 17h30. Confira a playlist completa com todas as edições anteriores do programa.

O que acontece com o ciclo de corte da Selic em 2024?

A trajetória de queda de juro da Selic no Brasil deve continuar pois ainda estamos com uma taxa de juros muito elevada. Giannetti acredita que vamos acomodar uma taxa selic de 8,5% e 9% no próximo ano, inflação de 3,5% e 4% e taxa de juros Real de 5%, o que ainda é alto, mas para o padrão brasileiro, sobreviveremos tranquilo.

Qual é a estimativa da taxa de câmbio até o final do ano?

Giannetti estima que a taxa de câmbio fique em torno de 5% até o final do ano, uma mediana com base na oscilação que está com uma volatilidade cíclica nos últimos meses.

O que é o De Olho no Câmbio?

O De Olho no Câmbio é um programa jornalístico produzido pela Remessa Online para descomplicar notícias do mercado de economia, câmbio, negócios e muito mais

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