Como saber se o dólar vai cair ou subir?

À primeira vista, câmbio pode parecer uma coisa muito difícil de compreender. Mas você vai perceber que saber se o dólar vai cair ou subir depende de uma série de fatores.

O Brasil opera em regime de câmbio flutuante. Isso significa que o valor do dólar é definido pela quantidade de dinheiro movimentada entre o Brasil e o resto do mundo. No caso brasileiro, o Banco Central normalmente só atua sobre o valor do dólar quando ele cai ou sobe de forma mais acelerada que o normal.

Se o câmbio é flutuante, quais são os elementos que interferem na relação entre oferta e demanda de dólar?

A lógica geral é bastante simples: o que estimula a entrada de dólares no Brasil ajuda a aumentar a oferta. Já o que leva os agentes econômicos a enviarem dinheiro para fora do Brasil reduz a oferta. Por isso, se as condições econômicas são favoráveis a um maior fluxo de dólares para dentro do país, o valor do dólar tende a cair. Já se o cenário estimula o envio de dinheiro para o exterior, o seu valor tende a subir.

Claro que prever exatamente o que vai acontecer com o valor da moeda é mais complicado, porque há vários fatores interferindo ao mesmo tempo. Por exemplo, imagine que o país consegue exportar uma grande quantidade de mercadorias, e apresenta saldo positivo na Bolsa Comercial. Isto aumentará a entrada de dólares, o que ajuda a reduzir a sua cotação. Contudo, um dólar mais barato ajuda o brasileiro enviar mais dinheiro para o exterior, e isso tira dólares do Brasil, ajudando a subir a cotação.

Cenários econômicos que combinam vários fatores são mais comuns do que parecem, por isso é tão complexo prever para onde vai a taxa de câmbio.

Quando tem mais mais dinheiro entrando que saindo do Brasil, o preço do dólar cai.

Quando a maior parte do dinheiro sai, a taxa de câmbio sobe.

Veja abaixo alguns dos fatores que interferem no valor do dólar.

Comércio Internacional

Quando as exportações são maiores que importações, a taxa de câmbio tende a cair.
Quando temos mais importações que exportações, a taxa tende a subir.

Uma parte considerável do fluxo de dinheiro entre o Brasil e o resto do mundo está relacionada ao comércio internacional. Por exemplo, no ano de 2018 o saldo entre exportações e importações foi positivo em US$ 53 bilhões. Isso significa que a diferença entre exportações e importações foi positiva em US$ 53 bilhões. Isto é o que chamamos de superávit comercial. Quando há mais importações que exportações, temos déficit comercial.

Superávit comercial ajuda a reduzir o valor do dólar, e os déficits comerciais ajudam a elevá-lo. Mas também acontece o contrário. Quando o valor do dólar está alto, as empresas conseguem exportar seus produtos com custo mais baixo em dólar, e isso aumenta as exportações. Já quando o dólar está baixo, brasileiros são estimulados a importar mercadorias, enviando mais dólares ao exterior.

Turismo internacional

O turismo influencia na cotação do dólar. Quanto mais estrangeiros visitando o Brasil, melhor.

Quando turistas estrangeiros chegam ao Brasil, trazem dólares para gastar aqui. Isso aumenta a entrada de dinheiro, e ajuda a reduzir a taxa de câmbio. Já quando turistas brasileiros vão para fora do Brasil, gastam dólares no exterior, o que ajuda a elevar o câmbio.

Por isso, um fator importante para olhar é a movimentação atípica do turismo internacional. Fluxos mais intensos que o normal, seja de turistas internacionais no Brasil, seja de brasileiros no exterior, ajudam a mudar a taxa de câmbio.

Cenário político, investimentos e a taxa de câmbio

Quando o Brasil recebe um elevado volume de investimentos estrangeiros, a taxa de câmbio tende a diminuir.

Outro fluxo de envio e recebimentos de dólares que causa impacto no câmbio é o de investimentos. Quando o país começa a receber um elevado volume de investimentos estrangeiros, a taxa de câmbio tende a diminuir. Já quando os investidores decidem em massa sair do Brasil, a taxa de câmbio tende a subir.

O movimento dos investidores, especialmente os que atuam em bolsas de valores, influencia oscilações de curto prazo no câmbio. Por isso, ele se relaciona diretamente com aspectos do cenário político relacionados à perspectiva de ganhos do investidor.

Quando o ambiente no país é estável ou apresenta grandes oportunidades de ganhos, o investidor tende a aportar mais dólares. Momentos de crise política ou recessão econômica, por sua vez, afastam o investidor.

Qual o melhor momento para enviar ou receber dinheiro do exterior?

O melhor momento é aquele em que você precisa operar. Observar os fluxos de dinheiro entre o país e o exterior ajudam a tomar a decisão. Por exemplo, cenários de crise política e econômica podem alterar os fatores acima e, por isso, fazem o dólar oscilar.

Contudo, adiar a sua remessa esperando ganhos de curto prazo com a variação da taxa de câmbio pode não ser um bom negócio. Você pode esperar uma queda do dólar para enviar seu dinheiro ao exterior, mas de um dia para o outro o cenário mudar e a taxa subir ao invés de cair. Por isso, só adie sua remessa se ela não for urgente – por exemplo, se quiser esperar um momento mais favorável para investir no exterior ou trazer de volta os ganhos de capital.

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