Dólar: reflexos do impeachment de Trump

O Dólar comercial começou a semana cotado a R$ 4,1495 e fechou o pregão de segunda-feira (23) cotado a R$ 4,1638. Trata-se de uma depreciação do Real em torno de 0,34%.

Desde segunda que só se fala em uma coisa nos EUA e, na realidade, no mundo: impeachment. Após o escândalo entre o presidente Donald Trump e o presidente da Ucrânia, a presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi decidiu instaurar um inquérito para investigar Trump e, possivelmente, iniciar um processo de impeachment.

A situação balançou o Dólar durante toda a semana, levando a cotação da moeda estadunidense aos R$ 4,1955 na quarta-feira (25). Contudo, todo esse processo ainda é bastante preliminar. Os EUA não tem histórico de impeachment, tendo sido feito somente duas vezes em sua história.

O primeiro, com Richard Nixon, que renunciou antes de iniciar o processo, e o segundo com Bill Clinton, que foi até o fim, mas foi absolvido pelo Senado. De todo modo, o presidente Trump já se envolveu em outros escândalos nesses quase três anos de mandato e, por esta razão, um processo de impeachment, mesmo que não se concretize com sua saída, pode ser fatal para sua estabilidade – e reeleição.

Enquanto esse processo vai se desenhando, nem só de Dólar vive o câmbio. Na quarta-feira, o Real fechou bastante apreciado graças ao resultado do Caged, que mede as vagas formais de emprego (com carteira assinada). O dado foi superior ao esperado pelo mercado (121 mil versus 98 mil). Graças a esse desempenho, o melhor para o mês nos últimos oito anos, o Dólar teve um respiro e fechou o dia cotado a R$ 4.1490.

De todo modo, incertezas e preocupações se ampliam de forma bastante clara e, nesse contexto, a moeda americana saiu de R$ 4,1495 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (27) negociada na casa dos R$ 4,1674. O Real acumula, portanto, uma depreciação de aproximadamente 0,43%.

Veja também a análise sobre o euro e a libra esterlina.

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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