Merrill Lynch: gestores de fundos esperam por estimulo econômico

Pesquisa do BofA Merrill Lynch com gestores de ativos de todo o mundo mostrou que eles esperam por mais estímulo econômico no mundo desenvolvido, como cortes de juros nos Estados Unidos e quantitative easing na Europa. Para 38% deles há risco de uma recessão econômica global.

O BofA Merrill Lynch Data Analytics divulgou esta semana uma pesquisa realizada com 235 participantes que juntos são responsáveis pela gestão de US$ 683 bilhões em ativos sob gestão mundo afora. Dentre as perguntas, uma chamou mais atenção: qual seria a política mais importante nos próximos seis meses para um movimento de alta dos ativos de risco?

Todas as respostas apontam a necessidade de estímulos econômicos. Em primeiro lugar, esses grandes investidores veem o estímulo fiscal alemão como o maior potencial de alta. Na sequência estão: corte de 50 pontos base (0,50%) dos juros nos EUA, aumento dos gastos da China com infraestrutura, uma solução para o Brexit e a volta do quantative easing (afrouxamento monetário) por parte do Banco Central Europeu (BCE).

Estamos acompanhando a escalada do dólar (a nível global) diante do temor com o rumo das economias.

Estamos realmente diante de uma recessão? O que acontecerá daqui para frente? A porcentagem de entrevistados que acreditam em uma recessão global, pela mesma pesquisa, é de 38%.

E como visto, o que pode impulsionar uma onda de otimismo é um afrouxamento monetário. De acordo com as respostas dos investidores acima, o que pode gerar uma onda de ganhos é justamente uma ação conjunta dos principais bancos centrais para estimular as economias.

Sinais de que os estímulos econômicos virão

Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu, provocou outras autoridades monetárias do mundo a adotarem estímulos econômicos

O que temos visto atualmente são ainda promessas e indicações de que estes estímulos, de fato, virão.

Na semana passada foi a vez de ouvir o BCE. Além do corte na taxa de depósito compulsório de -0,40% para -0,50%, um programa de recompra de 20 bilhões de euros em ativos financeiros sem prazo para terminar e outros estímulos, o discurso do atual presidente, Mario Draghi, ainda provocou os demais responsáveis por direcionar as políticas monetárias.

Ele afirmou que outros governos europeus devem seguir na mesma direção, pois sozinho não atingiria o objetivo. Com isso, haveria a necessidade de uma coordenação maior com as políticas fiscais para alavancar o crescimento no continente.

“O problema é que os países que têm espaço fiscal não estão muito dispostos a recorrer a isso, e os países que estão dispostos não tem muito espaço fiscal porque já tem muita dívida”.

Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu

Quem prontamente não perdeu a chance de cutucar o seu próprio banco central, foi Donald Trump. Instantes após o discurso, ele foi ao Twitter dizer que os EUA estavam atrasados e que o Fed deveria agir imediatamente, a começar pela redução dos juros.

O que nos leva ao que ocorre nos EUA. O Fed prefere ser mais cauteloso em seus cortes de juros e o corte de 0,50% aguardado pelos investidores da pesquisa, vem a passos vagarosos.

Nesta semana o Fed reduziu os juros em 0,25 pontos percentuais, para o intervalo entre 1,75% e 2%

E qual o impacto no dólar?

A perspectiva é de quando essas medidas tão aguardadas forem efetivamente tomadas, em uma ação conjunta dos principais bancos centrais, podem dar início a uma nova tendência de dólar mais fraco.

É claro que não acreditamos que será a injeção de ânimo que falta ao mundo, nem o que realmente impedirá uma recessão mundial. Mas quando isto ocorrer, o dólar pode ficar mais fraco no mundo todo já que haverá aumento da liquidez global. Portanto, aguardamos a efetivação destas medidas para termos uma melhor perspectiva de valorização do Real.

Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira

Related posts

De Olho no Câmbio #274: PIB menor e inflação maior nos EUA dificultam o trabalho do Fed

Qual o valor do IPCA hoje e o acumulado de 2024?

PIB americano decepciona no primeiro trimestre de 2024