O ano da Reforma da Previdência

O assunto é apenas um: a importante e aguardada reforma da Previdência. Está por todos os lados, desde a conversa na hora do almoço, passando por discussões entre familiares, até às oito menções de sua necessidade na ata do Banco Central.

Não há dúvidas de que não podemos fugir da relevância do tema. Por isso, vamos começar justamente pela ata da última reunião do Copom que foi divulgada na terça-feira (12).

A Ata do Copom

Na última semana, eu já havia comentado por aqui sobre o comunicado logo após a decisão do Banco Central (BC) em manter a taxa Selic nos mesmos 6,5% ao ano.

No entanto, mais importante do que apenas o número, o que os investidores estão mesmo interessados é o que isso significa, o que o Banco Central está pensando daqui para frente e o que fará. E você já sabe o porquê de toda essa curiosidade, não é? Porque é possível ganhar diante de expectativas, seja com títulos públicos, mercado acionário ou câmbio – quem está posicionado corretamente diante do que está por vir, tem muito mais chance de sucesso.

Sem mais delongas, vamos ao que foi dito. Na verdade, não foram muitas novidades, já que o Banco Central está em um momento de mudança de presidente e essa não é hora de anunciar alterações. E, além disso, o mantra repetido sucessivamente é de que a preocupação do Bacen está na aprovação da reforma da Previdência. Tanto que foi o motivo das oito menções na ata.

Sem este passo tão importante e equilíbrio dos números fiscais no curto e médio prazo, não será possível alterar a taxa de juros ou mudar a política econômica.

Como a preocupação é sempre quanto ao controle da inflação dentro da meta (que vai muito bem, obrigada), qualquer oscilação dos mercados no curto prazo, pode trazer efeitos ao longo do tempo. Um exemplo bem simples é que se a reforma não passar ou algum detalhe desagradar o mercado, o estresse é imediato: curva de juros para cima, Bolsa para baixo e dólar subindo.

O Banco Central está atento pois, se o dólar sobe, há riscos de impacto na inflação.

Com essa possibilidade e risco – ainda que a lentíssima recuperação da economia brasileira colabore para deixar os preços controlados – o Bacen prefere manter a sua atitude de calma e paciência ante a expectativa de que já temos as efetivas mudanças estabelecidas.

Este fato nos leva diretamente ao que ocorreu recentemente: a ideia de uma nova PEC com trâmite mais longo para aprovação. Este foi um dos desagrados de curto prazo que provocou muita oscilação e deixou o mercado nervoso.

Ativos Vulneráveis

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que não irá votar a reforma por meio de mudanças no texto discutido durante o governo Temer. Para ele, uma votação precoce aumentaria a chance de um resultado negativo.

E, mais do que isso, o que vejo com bons olhos: é melhor esperar mais para garantir uma aprovação mais robusta do que apenas atender o timing do mercado e deixar algum ponto relevante para trás. Ainda assim, o suposto atraso, não seria tão longo, uma vez que ele acredita que, se houver base aliada na Casa, a Previdência poderá ser votada até a segunda quinzena de maio. E no Senado até julho.

Enquanto isso, nesse meio tempo, vemos os ativos cada vez mais vulneráveis a cada condição apresentada. Hoje, temos que a proposta está pronta e aguarda o “tá ok” do presidente Jair Bolsonaro. A ver.

Para saber as próximas páginas desse capítulo fundamental da história brasileira, continue acompanhando mais detalhes por aqui e todos os impactos que ainda teremos no câmbio e ativos locais.

Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um canal no YouTube sobre finanças pessoais, Glenda Mara.

Related posts

Mercado brasileiro aguarda dados sobre emprego

IGP-M avança 0,31% em abril

De Olho no Câmbio #274: PIB menor e inflação maior nos EUA dificultam o trabalho do Fed