Poder de compra: o que é, como é calculado e fatores que afetam

Você conhece alguém que tinha R$ 1 milhão parado em 1994, e não investiu essa quantia? Pois bem, essa pessoa perdeu muito poder de compra por conta da inflação acumulada de junho daquele ano até abril de 2023, que foi de 675,71% na moeda Real.

Não há iniciativas a tomar para evitar esse fenômeno ou outros que afetam o poder aquisitivo, pois são fatores externos ao cidadão. Portanto, a única saída é proteger o patrimônio, ou seja, administrá-lo com maestria para atravessar momentos de instabilidades e imprevistos com mais facilidade.

Neste guia completo você vai ler tudo sobre o poder de compra, e a importância de acompanhar os índices inflacionários com atenção, para garantir uma vida financeira próspera. Boa leitura!

O que é o poder de compra?

Poder de compra é a capacidade de obter bens e serviços por um determinado valor. Ou seja, é possível saber se o poder de compra aumentou ou diminuiu quando a mesma quantidade de dinheiro compra mais ou menos de um mesmo produto. A inflação é o que determina a diminuição do valor do dinheiro e, portanto, seu poder de compra.

Para exemplificar o raciocínio, basta lembrar quantos reais eram necessários gastar para comprar 1 litro de leite, em 2019, e quanto precisa desembolsar em 2023 para obter o mesmo produto. Caso seu salário não tenha aumentado e você precise de mais dinheiro para comprar o leite, significa que o seu poder de compra diminuiu nos últimos 4 anos.

Quando é necessário dispor de mais dinheiro para comprar um produto que era anteriormente mais barato, o poder de compra é menor. Enquanto isso, se é preciso menos recursos para fazer uma aquisição que era anteriormente mais cara, o poder de compra é maior.

A inflação geralmente é o principal fator a impactar na diminuição do poder de compra da moeda. A flutuação econômica reflete o excesso de dinheiro na economia, que resulta no aumento da demanda frente a oferta e a elevação dos preços de bens e serviços.

Porém, se o seu poder de compra aumentar, você consegue obter mais coisas com o mesmo valor. Esse fenômeno é fruto da deflação, e é mais raro de ocorrer. Entretanto, com o passar dos anos, é mais comum a perda do poder de compra, resultado de fatores externos ao cidadão.

Para se ter noção, veja, abaixo, uma tabela com os dados da inflação desde 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

AnoIPCA acumulado
20204,52%
202110,06%
20225,79%

Em abril de 2023, a inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda em 0,51%. O acumulado em 12 meses ficou em 4,07%.

O feijão, por exemplo, item essencial nas cestas básicas, em 2020 custava — em algumas regiões do Brasil — cerca de R$5,00. Em 2021, o valor subiu para quase R$9,00. Já em 2022, baixou para R$7,00 e, em maio de 2023, oscila entre R$7,00 e R$8,00 o quilo aproximadamente.

O que define o poder de compra de um país?

O poder de compra de um país compara quanto de sua moeda é preciso para comprar um mesmo produto ou serviço na moeda de outro país. A comparação é feita pela PPC, Paridade do Poder de Compra, uma taxa que converte as duas moeda para que sejam comparadas.

A valorização de uma moeda é determinada por fatores como crises econômicas (internas e externas) e a inflação nacional. A variação de valores internos é medida pelo Banco Central e responde às políticas monetárias do país.

Uma forma de medir o poder de compra de um país é pelo Índice Big Mac, calculado pela revista The Economist desde 1986. O Índice Big Mac compara quanto da moeda local de um país é necessário para comprar um Big Mac.

Por exemplo, um norte-americano consegue adquirir mais Bigs Macs na moeda nacional dos EUA do que o brasileiro com o real. Assim, o poder de compra dos norte-americanos é superior em comparação ao nosso.

Esse índice pode ser calculado com qualquer outro produto, desde um aparelho celular a um preço de ingresso para um show de pop. 

É importante ressaltar, entretanto, que esse tipo de comparação pode ser mais apropriado para análises internas do poder de compra. Alguns itens têm valores muito diferentes entre determinadas nações em função de particularidades geográficas, por exemplo.

O que é o poder de compra da moeda?

O poder de compra de uma moeda é sua capacidade de obter bens e serviços em um período. Esse conceito costuma ser utilizado para comparar o poder de compra em diferentes países a partir da Paridade do Poder de Compra (PPC), um indicador imprescindível na análise da economia global. O FMI usa o dólar como comparação no cálculo do PPC.

O dólar, por exemplo, é mais valorizado do que o real. Por isso, é preciso mais dinheiro da moeda brasileira para efetuar uma mesma compra de um produto ou serviço. 

O que uma nota de R$ 100 pode comprar hoje, por exemplo, não tende a se manter igual em 2070. Além da inflação, há vários outros fatores que podem gerar essas oscilações em maior ou menor grau.

Um deles, no caso da moeda brasileira, é a desvalorização do real perante outra unidade monetária. O exemplo mais comum e conhecido é quando o valor do dólar sobe, o que automaticamente ocasiona o encarecimento de todos os produtos importados na cifra norte-americana. A consequência do aumento do dólar é a diminuição do poder de compra do consumidor brasileiro.

Já em despesas como a conta de luz, a quantidade de água disponível nas hidrelétricas é um dos fatores que influenciam no preço cobrado.

Voltando para a inflação, um exemplo prático: quando ela sobe 20%, quem tinha R$ 100 agora vai precisar de R$ 120 para adquirir os mesmos produtos. Por conta disso, é de extrema importância que a população acompanhe sempre de perto esse fenômeno.

Como lidar com a perda do poder de compra?

Para diminuir o efeito da perda do poder de compra, pague suas contas em dia e evite juros e atrasos. Assim é possível ter uma noção de quanto dinheiro está disponível para gastar ao longo do mês. Corte ou diminua gastos com assinaturas de streaming, planos de celular, academia e associações em clubes. Verifique as possibilidades de diminuir a anuidade do cartão e a fatura.

A busca por novas fontes de renda também ajudam a igualar ou superar a inflação, o que mantém o poder de compra. Esses trabalhos secundários podem vir a partir de trabalhos mais liberais, como motoristas e entregadores por aplicativos, ou a partir do mundo dos investimentos, com a busca de uma carteira de aplicações mais rentável.

Com esse dinheiro entrando todo mês, também é muito recomendável a criação de uma reserva de emergência de valor 4 vezes acima dos seus gastos mensais, em uma opção de liquidez diária que lhe pague, pelo menos, 100% do CDI.

Essa quantia manterá o poder de compra em momentos de imprevistos e instabilidades. Além dessa renda fixa, futuramente você pode considerar entrar na bolsa de valores, investindo em boas empresas, pensando no longo prazo. 

No mercado financeiro, é fundamental se atentar para investimentos que garantam rendimento real, ou seja, contam com a rentabilidade atrelada a algum indicador de inflação, como o IPCA. Isso impede que oscilações mais bruscas tornem a aplicação de renda fixa um prejuízo.

Qual o poder de compra do Brasil?

O poder de compra do Brasil é de US$ 497, segundo levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O ranking considera o salário mínimo de 105 países e compara qual é o valor necessário na moeda de cada nação para adquirir um mesmo produto. A Suíça é o país com o melhor poder de compra do mundo, com um PPC de US$ 3.415, enquanto o Brasil está na 51ª colocação do ranking.

Em contraste ao resultado do levantamento da OIT, o Brasil configura como a 9ª maior economia do mundo no ranking atualizado do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nesse caso, o levantamento do FMI considera o dólar como moeda de referência para os cálculos.

O que causa a perda do poder de compra?

A perda do poder de compra da população é causada pela inflação, que consiste no aumento geral dos preços dos produtos e serviços de um país. Com a alta de custos, o poder de compra da moeda diminui.

Além da perda do poder de compra, a inflação traz outras terríveis consequências para o cidadão, como:

  • crescimento da taxa de juros;
  • concentração de renda da população;
  • diminuição da qualidade de vida;
  • elevação dos níveis de pobreza;
  • redução da oferta de empregos.
  • perda de investimentos internacionais;
  • queda de investimentos públicos e privados no setor produtivo.

Para se ter uma ideia, em março de 1990 a inflação brasileira foi de 83,95%. Ainda assim, houve registros mais graves. A pior da história foi registrada em 1946, na Hungria, devastada pelos eventos da Segunda Guerra Mundial. A hiperinflação foi de 42 trilhões por cento.

Atualmente, o IPCA-15 do Brasil ficou em 0,51% em maio de 2023, após registrar aumento de 0,57% em abril, segundo dados do IBGE. Em março, o índice foi de 0,69%, ante 0,76% de fevereiro. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,07%.

Outra curiosidade é que o brasileiro era 15 vezes mais “rico” do que um chinês na década de 1980, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse “jogo” só foi virado em 2016, quando, pela primeira vez, a China registrou poder aquisitivo maior que o do Brasil. Nesse caso, ocorreu o fenômeno da deflação para a moeda da nação asiática.

O que afeta o poder de compra?

O poder de compra é afetado pela inflação, medida pelo aumento do custo de produtos e serviços. Quanto maior o preço dos bens, menos as pessoas conseguem comprar. 

Quando o poder aquisitivo é baixo, significa que o salário mínimo daquele país não é suficiente para comprar os produtos da cesta básica, formada por artigos fundamentais de subsistência no Brasil. Já quando o poder aquisitivo é alto, quer dizer que o salário mínimo daquela nação consegue obter além do que os itens que compõem a cesta básica.

O poder de compra afeta todos os cidadãos de uma nação. Ele depende de fatores macroeconômicos e envolve geopolítica e políticas monetárias de cada país. No entanto, é fundamental rentabilizar o seu patrimônio para que ele se valorize mais do que a inflação o deprecie.

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Resumindo

O que é o poder de compra?

Poder de compra é a possibilidade de fazer compras por um custo específico. O termo é utilizado para comparar o que era possível comprar no passado e no presente pelo mesmo valor. Esse conceito está diretamente ligado à inflação, pois, quando os preços dos produtos aumentam, o poder de compra diminui. Assim, torna-se necessário dispor de mais dinheiro para comprar um produto que era anteriormente mais barato.

Qual métrica mede o poder de compra?

O principal indicador que diz respeito ao poder de compra de uma moeda é a Paridade de Poder de Compra (PPC). Ele é utilizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), para comparar a força das unidades monetárias das principais economias do mundo.

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