Julia Braga, coordenadora do IPEA, fala sobre queda do dólar

No Episódio 12 do De Olho no Câmbio recebemos Julia Braga, economista e coordenadora de Acompanhamento e Estudos de Conjuntura do IPEA para falar sobre como a queda do dólar, valorização do Real, a queda nos preços internacionais de commodities e a alta taxa de juros impactam sua vida e seu bolso!

Continue a leitura e confira o resumo desta edição. 

Onde está a economia brasileira no momento?

Questionada sobre a atual conjuntura brasileira, a economista Júlia Braga relata que a economia brasileira está num bom momento. É hora de rever expectativas, tanto no sentido de um maior crescimento econômico, quanto uma inflação mais baixa que era esperada inicialmente entre o final do ano passado e início deste ano.

Temos um cenário benéfico para demanda externa de exportações brasileiras, que está relacionado também à reabertura da economia chinesa, que tem uma perspectiva de crescer perto de 5% este ano. O Brasil está exportando bem as nossas commodities, ganhando parcela de mercado tanto na soja quanto no petróleo, temos uma demanda externa favorável.

Existe uma demanda interna que sente algumas forças contraditórias, sofrendo um pouco com a taxa de juros em 13,75%, que é um patamar muito alto. Com isso, há uma certa fragilidade financeira das famílias e das empresas, principalmente do setor varejista.

Por outro lado, existem alguns fatores que estão compensando e dando uma certa sustentação de renda para as famílias. Vemos os dados do mercado de trabalho na conjuntura como uma recuperação, da ocupação, processo de formalização, aumento da renda acima da inflação e, especialmente, observamos hoje a inflação dando sinal de deflação, algo sempre muito peculiar para a economia brasileira. 

Redução do dólar e seus efeitos no PIB

De acordo com Júlia Braga, a taxa de câmbio tem um processo de valorização, em primeiro lugar, por conta de uma melhora da liquidez internacional e também da redução da incerteza, isso acontece porque o FED conseguiu lidar com a crise bancária interna sem um efeito contágio para as economias emergentes, incluindo o Brasil, e também apontou uma certa pausa na elevação da taxa de juros, o que é sempre benéfico para a liquidez internacional.

Este cenário de melhora da liquidez internacional acaba afetando não só o Brasil, como também outros países da América Latina, como Colômbia, México e Chile. 

Outro fator importante é a taxa de juros. A relação entre a taxa de juros brasileira e a taxa de juros do federer results, chamado também de diferencial de juros, está bem alta, e isso também é um vetor de atração de capitais de curto prazo. Isso porque os títulos públicos brasileiros concorrem no mercado internacional com outros títulos públicos, incluindo a economia americana. Então, quando existe esse atrativo em termos de rendimento, acaba que isso é um fator de atração, tanto nos fluxos financeiros, como nas posições compradas em ativos em reais.

Os fluxos comerciais estão muito elevados, o Brasil está tendo recorde histórico em balança comercial e exportação. Além disso, a economia brasileira está passando por um processo de recuperação econômica, o que trás também a retomada do fluxo de investimentos diretos no país, que já estão acima do que acontecia antes da pandemia. 

Tudo isso atrai capitais para a economia brasileira e levando a este processo de valorização cambial, o que é benéfico e vem ajudando no processo de redução da inflação e posterior queda da taxa de juros. 

O mercado de trabalho está em pleno emprego?

O economista André Galhardo afirma que, de acordo com o IBGE, a taxa de desocupação brasileira caiu para 8,3% no trimestre encerrado em maio e questiona Júlia Braga se o Brasil está, de fato, em pleno emprego, como defendem alguns economistas, considerando o comportamento histórico da taxa de desocupação do Brasil

Na opinião de Júlia Braga, a economia brasileira não está em pleno emprego, isso porque, historicamente, já convivemos com taxas de desemprego menores. Além disso, a economista levanta a provocação de que o conceito de “pleno emprego” é bastante complicado, teoricamente, porque a força de trabalho é muito dinâmica.

Quando existem oportunidades que estão sendo criadas em termo de ocupação, empregos que gerem bons salários, a força de trabalho acaba se adaptando a esta nova situação, aumenta a participação das mulheres e processos migratórios também acontecem. Então, a força de trabalho acaba reagindo às oportunidades de emprego que vão sendo criadas. 

A economista acredita que estes conceitos são muito efêmeros e mutáveis, a força de trabalho muda a cada ponto novo de inflação e de taxa de desemprego, o cenário é muito dinâmico para realizarmos uma afirmação tão categórica. 

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De Olho no Câmbio é um conteúdo jornalístico produzido pela Remessa Online e sua transmissão ao vivo acontece semanalmente no canal do YouTube da Remessa Online.

Cada programa tem 1 hora de duração e aborda notícias do mercado de forma descomplicada, além de analisar temas da agenda econômica que podem influenciar as cotações das moedas estrangeiras como dólar, euro e libra esterlina ao longo da semana.

Apresentado pelos jornalistas Sidney Rezende e Rui Gonçalves e com comentários do Economista André Galhardo, o programa tem a participação de convidados renomados no mercado para enriquecer a discussão e está aberto à participação do público pelo chat.

A cada semana, os espectadores têm a oportunidade de compreender mais a fundo sobre o mercado e ficar por dentro de assuntos como câmbio, economia, investimento, Comércio Exterior, turismo e negócios.

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Resumindo

O que é o De Olho no Câmbio?

O De Olho no Câmbio é um programa jornalístico produzido pela Remessa Online para descomplicar notícias do mercado de economia, câmbio, negócios e muito mais.

Onde e quando o De Olho no Câmbio é transmitido?

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