Selic a 11,75%: entenda a alta na taxa e saiba como ela afeta sua vida

O Banco Central faz novo movimento de alta e coloca a taxa Selic em 11,75% ao ano, neste que já é o 9º aumento consecutivo. Porém, apesar dos recorrentes aumentos, a autoridade monetária brasileira promete realizar novos aumentos até que a inflação emita sinais de desaceleração.

Enquanto isso, é importante estimarmos os efeitos de uma taxa de juros tão elevada sobre a atividade econômica e na vida das pessoas.

Quer saber mais sobre os impactos da Selic? Acompanhe nossa análise a seguir.

Selic a 11,75%: BC segue firme no aumento

O Banco Central brasileiro aumentou, sem surpresa, a taxa de juro básico do país nesta quarta-feira (16) de 10,75% para 11,75%.

Sem surpresa, porque na penúltima reunião do Copom, realizada nos dias 1º e 2 de fevereiro deste ano, o comitê do BC já havia sinalizado que novos aumentos viriam, mas que estes novos aumentos seriam menores que o anunciado na ocasião, de mais de 1,5%.

A única dúvida do mercado era se o conflito europeu entre Rússia e Ucrânia, que já vinha impactando moedas pelo mundo, poderia ter mudado entendimento do Bacen sobre o comportamento dos preços e as consequentes medidas para tentar frear a inflação.

Selic hoje e em um futuro breve

Pelo comunicado emitido depois da decisão desta quarta, o Banco Central deve realizar novo aumento de juros de 1% na reunião dos dias 3 e 4 de maio. Elevando a taxa Selic hoje ao maior patamar desde fevereiro de 2017.

Além disso, o Copom informou que novos ajustes podem ser feitos nas reuniões de junho e de agosto e que isso dependerá do comportamento da economia e da inflação.

Inflação e expectativas são responsáveis pela Selic a 11,75%

Com este aumento de março, o Banco Central completou o 9º aumento consecutivo, no que é um dos ciclos mais longos de aperto monetário da nossa história.

Parte da explicação para tantos aumentos de juros vem da situação da pandemia. Para tentar dar liquidez ao sistema financeiro e estimular a atividade econômica enquanto vigoravam as medidas de isolamento social, o Banco Central optou em colocar a taxa básica de juros no menor patamar da nossa história, 2%.

Como a taxa estava abaixo do que se chama de taxa de juro neutra, ponto em que a Selic não estimula nem desestimula a economia, o caminho para colocar os juros em um patamar em que a taxa de juros desestimula a economia, objetivo do Bacen neste momento, ficou muito mais longo.

Os fortes e recorrentes aumentos da taxa de juros também são necessários, segundo o Banco Central, por conta do aumento da inflação, atualmente em um dos patamares mais elevados do mundo.

Crise hídrica, desvalorização cambial, aumento do preço das commodities, desordenamento das cadeias produtivas globais, guerra do leste europeu, aumento do clima de incerteza em torno de novas ondas de Covid-19 são algumas das explicações para o aumento de preços no Brasil

Selic a 11,75% no Brasil vs Inflação pelo mundo

É verdade que a inflação atual é um fenômeno global. Os Estados Unidos, com 7,9% estão de frente com a inflação mais alta desde janeiro de 1982 e a Zona do Euro com os seus 5,9% de variação de preços no último ano não tinham visto uma inflação tão elevada dentro do bloco econômico.

No caso do Brasil a situação é ainda mais crítica em função da desvalorização do câmbio, mesmo que o começo de 2022 tenha reservado boas surpresas nesse sentido. 

O real foi uma das moedas com o melhor desempenho em relação ao dólar dos Estados Unidos.

Impactos da Selic a 11,75% para pessoas e empresas

O grande problema destes sucessivos aumentos de juros é que eles têm influência sobre o nível de atividade econômica.

Explicando de modo muito objetivo, quando a taxa de juros está muito acima da taxa neutra há o desencorajamento dos investimentos em ativos produtivos, ou seja, empresários podem trocar a compra de novo maquinário, matéria prima e novas contratações pelo investimento em títulos públicos, por exemplo.

O aumento da Selic também encarece a tomada de empréstimos e desencoraja o consumo, criando um duplo movimento de diminuição do ritmo da economia.

A situação é crítica porque as taxas de juros oferecidas aos empresários e pessoas físicas na contratação de empréstimos e financiamentos já são altamente predatórias no Brasil. Esse aumento nos juros prometem deixar a situação ainda mais desafiadora, mas nada que já não tenhamos enfrentado em outros verões.

O índice de custo do crédito, que já vinha em forte elevação, desde quando começou o atual ciclo de aperto monetário, deve continuar em trajetória de elevação inclusive depois que o Bacen parar de aumentar a taxa básica de juros.

Perspectivas para o câmbio

Se tem um ponto “bom” nisso tudo é que o aumento dos rendimentos dos títulos públicos brasileiros tem atraído um importante volume de capitais estrangeiros ao país.

Pela primeira vez em muitos anos, é o fluxo de capital com destino a ativos financeiros que têm sustentado essa entrada de recursos no Brasil e essa é parte da explicação para o importante movimento de valorização da moeda brasileira.

De modo geral, quando falamos de câmbio, muito pouco se sabe sobre as próximas semanas. 

Isso porque pode haver uma escalada nas tensões entre a Rússia e membros da OTAN, pois ainda estamos no meio de uma pandemia ou mesmo porque 2022 é ano de eleição no Brasil.

O que podemos deduzir a partir do comunicado do Bacen, é que os juros devem continuar subindo nos próximos meses e isso pode dar sustentação a mais movimentos de valorização da moeda brasileira.

Seguimos de olho!

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