Brexit deixa o cenário externo incerto

O ponto alto desta semana foram as perspectivas em torno do Brexit. Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, foi alçado ao posto de Primeiro Ministro do Reino Unido. Seu discurso pró-Brexit alimenta o mercado de incertezas em torno da possibilidade de um divórcio sem acordo – o chamado Hard Brexit. Além disso, notícias do Brasil acerca da liberação do FGTS para estimular a economia influenciaram a cotação do Real. Acompanhe a análise a seguir.

Real x Dólar

A semana começou com perspectivas negativas para a economia brasileira, com a divulgação da Sondagem da Indústria divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O ponto de maior preocupação dos empresários é a falta de demanda.

Segundo a Sondagem, a demanda foi a menor para o período, o que colocou a produção em níveis igualmente baixos. O índice referente ao mês de junho é o menor para o mês nos últimos quatro anos.

De modo complementar, a semana foi marcada pela consolidação da perspectiva de queda dos juros nos EUA. Jogou igualmente a favor do dólar um contexto sem polêmicas em torno da Guerra Comercial.

Nesse contexto, o Dólar permaneceu com em viés de queda. Desde o final da semana anterior, o Dólar saiu de R$ 3,7494 e, no final do pregão do dia 25, era negociado na casa dos R$ 3,7822, uma depreciação do Real de aproximadamente de 0,86%.

Real x Euro

O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou redução de juros e outras medidas monetárias para estimular a Zona do Euro a partir de setembro. Nossa expectativa, em linha com outros agentes do mercado, era de que o BCE manteria a taxa de juros de seus títulos em 0%, o que se confirmou.

Contudo, esperávamos que o banco já anunciasse medidas de flexibilização de outras condições monetárias para estimular a economia europeia, o que ficou para setembro. E isso trouxe algum pessimismo pontual em torno do Euro.

Desse modo, reiteramos que um espectro de incerteza ronda a Europa. O Euro terminou a semana passada na casa dos R$ 4,2077 e ganhou força frente ao Real, chegando a ser cotado a R$ 4,2156 no momento que esse artigo foi escrito. Uma desvalorização do Real de aproximadamente 0,19%.

Real x Libra Esterlina

Por fim, o ponto mais polêmico da semana foi, sem dúvidas, a eleição de Boris Johnson como Primeiro Ministro do Reino Unido. Em grande medida, o mercado já sabia que Johnson era o preferido para o cargo.

Mas a concretização de sua vitória materializou a possibilidade de um Hard Brexit. Os problemas em uma saída britânica da União Europeia sem acordo é de que contratos comerciais possam não se concretizar e, com isso, empresas e empregos possam sofrer com esse ambiente de incerteza.

Isso posto, a Libra fechou a semana anterior cotada a R$ 4,6874 e até chegou a ganhar força em relação ao Real, chegando a ser negociada a R$ 4,7081 no momento que fechamos este artigo. Uma apreciação da Libra Esterlina de aproximadamente 0,44%.

Perspectivas

Mantemos nossa leitura de que o Real tende a se valorizar frente às principais moedas dos países desenvolvidos nos próximos meses. O que deve jogar contra essa leitura é uma crise eclodir nos países centrais nos próximos meses.

Isso ocorre pelo chamado “privilégio exorbitante”, ou seja, o fato de que o dólar é a principal moeda de reserva internacional e, em momentos de crise, os investidores tendem a direcionar seus recursos para segurança.

Não obstante, o mercado se mantém otimista com as iniciativas do governo brasileiro em torno da agenda de ajustes. Assim sendo, após o recesso parlamentar, a trajetória de valorização do Real deve ser retomada.

Seguimos de olho.

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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