Investidores esperam ainda mais estímulos macroeconômicos

O mercado está recebendo muito bem anúncios de incentivos monetários como corte de juros, recompra de títulos, quantative easing, ou qualquer tipo de ajuda extra que os bancos centrais possam contribuir para manter a liquidez global. Podemos dizer até mais do que isso, que os investidores internacionais estão querendo mais e mais medidas de estímulos macroeconômicos.

Nesta semana, o presidente do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell, iniciou o processo de corte de juros em 0,25 ponto percentual, após 10 anos sem quedas. Agora, a taxa está no intervalo entre 2% e 2,25% ao ano.

Com isso, poderíamos esperar uma euforia nos mercados, os investidores comemorando que mais estímulos acabaram de chegar. Mas, não. O que vimos foi bem diferente.

Mercado espera mais que movimentos pontuais

O mercado não gostou do anúncio de que seria um movimento pontual (ainda que em meio a um comunicado confuso de Powell) e que ainda há o fator guerra comercial entre EUA e China na conta. Ou seja, na visão deles estamos em um ambiente econômico com sérios riscos de desaceleração .

Com isso, o mercado financeiro não ficou feliz. O descontentamento ficou bem claro nas Bolsas norte-americanas: queda do Dow Jones de -1,23%, Nasdaq -1,19% e S&P 500 -1,09%.

Semana passada não foi diferente, quando o presidente do banco central europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou que não havia um consenso entre os BCs de cortes e estímulos generalizados, os mercados também torceram o nariz e azedaram.

Trump pede por incentivos

Na verdade, não é apenas o mercado financeiro que está pedindo.  “O mercado realmente queria ouvir de é que esse seria o início de um longo e agressivo ciclo de corte de juros para acompanhar o ritmo de China, União Europeia e outros países ao redor do mundo”, foi um tuíte de Trump, logo após o discurso de Powell.

É importante lembrar que lá nos EUA, o BC é independente. Em tese, não deveria ter interferência do governo nas decisões do colegiado. Mas Trump, com o seu estilo próprio de negociação e tomada de decisão, não deixa de cutucar e reclamar da postura do Fed. E isso já tem um tempo, já que ele considera que as taxas estão em níveis altos desde quando assumiu a presidência.

O patamar dos 2% é bem maior do que os 0% da Europa ou juros negativos no Japão. Contudo, a postura cautelosa do Fed em relação a aumentar os estímulos monetários está sendo influenciada por outros fatores.

O que o Fed está olhando?

Portanto, por mais que o mercado financeiro tenha optado por acreditar que tudo ficará bem e que só teremos uma leve desaceleração econômica neste fim de ciclo de crescimento, ele não vê motivos para ter os juros elevados e assim, “prendendo” o dinheiro em aplicações mais seguras, como os títulos norte-americanos

Porém, um Banco Central costuma ser o contraponto e uma seriedade no meio da empolgação generalizada. Apesar deste clamor por mais liquidez, ativos super seguros como o ouro seguem em escalada de valorização. Ou seja, apesar de tudo, ninguém quer perder dinheiro e foge para a proteção.

Com isso, sabendo que o risco de uma desaceleração é iminente, e como bem ressaltado pelo Fed, é ainda mais agravado com a guerra comercial que parece não ter fim, tanto o ouro, como outros ativos mais seguros, como o dólar, seguirão em destaque.

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