Aprenda, definitivamente, o que são GovTechs, para que elas servem e quais setores públicos elas já estão atuando e como a legislação garante a sua existência e prestação de serviço.
Os setores públicos precisam oferecer qualidade no atendimento, agilidade na prestação de serviço e disponibilidade para a alta demanda. A tecnologia tornou-se uma grande aliada para alcançar o nível de exigência que a população pede, e é nesse cenário que entram as GovTechs.
Essas organizações desenvolvem soluções com tecnologia de ponta para melhorar os serviços e processos de setores públicos. Agentes públicos podem, assim, oferecer atendimentos com mais qualidade e eficiência para a população.
As GovTechs tornaram-se ferramentas essenciais e, por isso, é fundamental conhecer mais sobre elas. Saiba mais sobre esse conceito a seguir!
O que são GovTechs?
GovTech é uma empresa que alia novas tecnologias com soluções utilizadas pelos departamentos do governo, a fim de realizar trabalhos e oferecer serviços de qualidade para os cidadãos.
Na definição do Banco de Desenvolvimento da América Latina – CAF, uma GovTech “é o ecossistema em que os governos colaboram com as startups, pequenas e médias empresas (PMEs) e outros atores que utilizam a inteligência de dados, tecnologias digitais e metodologias inovadoras para prover soluções de problemas públicos. (…) o conceito de GovTech (governo + tecnologia) representa a aplicação eficiente de soluções tecnológicas inovadoras aos serviços de interesse público como forma de impactar positivamente as políticas públicas e alcançar melhorias efetivas e de larga abrangência à vida dos cidadãos.”
É uma colaboração público-privada para que o setor público trabalhe com setor privado mais inovador, sobretudo as startups. Inclusive, a expansão das startups no Brasil impulsionou o desenvolvimento de tecnologia e o aparecimento de empresas que atuam especificamente nas dores dos setores públicos.
Assim, a aceitação dessas empresas é alta no país. A adesão de sistemas para acesso do cidadão colocou o Brasil como a 7ª nação no ranking mundial de governo digital, sendo o líder nas Américas. Neste quesito, o país está à frente dos Estados Unidos e Canadá.
Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), são mais de 135 empresas especializadas em associar a tecnologia com as ações governamentais. A maioria está focada em desenvolver cidades inteligentes.
Para que serve GovTech?
As GovTech tem como o objetivo de tornar mais fáceis e ágeis os serviços prestados pelas instituições públicas, promovendo economia para esses setores.
Ao proporcionarem inteligência e tecnologia para os órgãos públicos, as informações são protegidas, minimizando os impactos de potenciais erros humanos.
Por meio de ferramentas tecnológicas é possível integrar dados dos cidadãos, oferecendo uma qualidade de atendimento mais apropriada. Considerando as necessidades públicas como saúde, segurança, emprego etc., é possível integrar os dados e oferecer insumos mais apropriados para uma consulta médica, por exemplo.
Com isso, as GovTechs podem ser utilizadas para diminuir a burocracia. O Governo do Estado de São Paulo, por exemplo, fechou parceria com uma GovTech para otimizar licitações de compra de bens e serviços. Em 2021, outras 450 prefeituras seguiram a ação governamental e fizeram parcerias semelhantes.
A presença das GovTechs na administração pública se tornou tão frequente que o próprio Governo paulista criou um hub de inovação para GovTechs na capital do Estado. A intenção é conectar pessoas e organizações com a missão de resolver os desafios públicos e gerar impactos positivos na sociedade.
Tipos de produtos de GovTechs
Para exemplificar os tipos de produtos que podem ser oferecidos pelas GovTechs, vamos listar cinco delas como exemplos da diversidade de soluções. Veja abaixo!
Gesuas
A empresa é uma startup que tem como solução a integração de equipes e informações dos serviços de assistência social.
Ela auxilia no atendimento de famílias que estão em situação de vulnerabilidade e risco de exclusão, agilizando processos burocráticos para a aprovação e entrega de auxílios governamentais.
Signa
Startup classificada no segmento “fornecimentos de serviços” é uma plataforma que oferece uma série de cursos on-line para pessoas com deficiência auditiva.
Além disso, ela acompanha a formação profissional dessas pessoas com conteúdos criados a partir da LIBRAS, com metodologia de ensino específica para os seus estudantes.
Gove.Digital
Parte do segmento “gestão pública e integridade”, a Gove.Digital fornece às administrações dos municípios uma plataforma SaaS altamente personalizável para melhorar a eficiência fiscal das cidades.
Os algoritmos ajudam a identificar as ineficiências e oferecer soluções para resolvê-las.
Sipremo
Essa empresa é responsável por monitorar os desastres naturais por meio da inteligência artificial e da plataforma em nuvem.
Os agentes da proteção civil conseguem monitorar as regiões em tempo real, podendo emitir notificações e alarmes quando necessário.
Na previsão de um desastre, a inteligência artificial emite uma notificação, que pode ser vinculada a todos os cidadãos que podem ser afetados e aos agentes de campo, a fim de minimizar os impactos e as potenciais perdas.
Quais são as áreas de desenvolvimento?
As GovTechs têm uma diversidade de atuação que pode facilitar a vida dos setores públicos, articulando programas, plataformas e sistemas de inteligência.
Desde aplicativos a conexões de semáforos, os setores nos quais as GovTechs já atuam são diversos. Veja alguns exemplos!
Saúde
As GovTechs que atuam no setor de saúde ajudaram a desenvolver aplicativos que facilitam o acesso aos cidadãos para agendamento de consultas e exames nos postos de saúde. Além disso, é possível programar para retirar os medicamentos, entre outras ações.
O ConectaSUS é um exemplo de app que foi desenvolvido por uma GovTech. Ele ficou bem famoso durante a pandemia de COVID-19, com muitas pessoas fazendo download. No aplicativo, é possível fazer o registro das doses de vacinas aplicadas, servindo até como um passaporte de acesso para alguns estabelecimentos.
Educação
Na área da educação, nós já citamos o exemplo da Sigma, mas há muitos outros serviços que são otimizados por startups.
As soluções envolvem oferecer bibliotecas virtuais para a população, dando acesso gratuito a e-books, proporcionar matrículas on-line de estudantes nas escolas públicas, etc.
Um dos serviços mais utilizados durante o período da pandemia foi disponibilizar videoaulas para os estudantes. Foram meses nos quais as escolas precisaram ficar fechadas, a fim de ajudar a conter o avanço do novo coronavírus. Várias outras ferramentas tecnológicas foram aplicadas para ajudar nesse ensino remoto.
Mobilidade
O desenvolvimento das cidades inteligentes é um dos serviços mais utilizados pelas prefeituras municipais no desenvolvimento da mobilidade.
Semáforos otimizados, aplicativos que monitoram e acompanham em tempo real as linhas de ônibus disponíveis a fim de ajudar os cidadãos a conseguirem transporte, ferramentas que otimizam a locomoção das pessoas e automóveis, entre outras ações são opções disponíveis.
Há ainda aplicativos que traçam os melhores trajetos para chegar a um determinado destino. Essa utilidade é fundamental para viaturas policiais e ambulâncias, que precisam se locomover com agilidade.
Canal de denúncias
A segurança também é uma preocupação das cidades e, portanto, uma dor a ser trabalhada pelas startups. A tecnologia das GovTechs ajuda a desenvolver soluções para que as pessoas tenham um canal de denúncias para falarem diretamente com as prefeituras.
É possível reportar buracos nas ruas, falta de iluminação pública, queimadas ilegais, entre outras questões de necessidades sociais.
Para além desses setores, as GovTechs também marcam presença em diversos setores como meio ambiente, saneamento básico, habitação, finanças, segurança pública, entre outras.
Quais os benefícios da GovTechs para a sociedade?
O princípio básico de uma startup é atuar na dor do mercado a fim de solucionar, por meio da tecnologia.
Neste sentido, as GovTechs têm como premissa conseguir resolver questões burocráticas do setor público, a fim de promover economia para as prefeituras e governos, mas, acima de tudo, ajudar a população. Entenda alguns benefícios que destacamos a seguir.
Redução da burocracia
A redução da burocracia é uma das principais buscas pelos setores públicos ao fazerem uma parceria com uma startup.
Por isso, é fundamental que as GovTechs sempre pensem em como podem agilizar e facilitar o acesso das pessoas aos seus dados.
Assim, é natural que os aplicativos demorem e se adaptem de acordo com as necessidades e dificuldades das pessoas, a fim de proporcionar a melhor experiência possível.
Evolução da tecnologia
Com a alta demanda por essas inovações, trabalhar com o governo pode ser uma ótima maneira de impulsionar a tecnologia.
As empresas que atuam no setor público precisam sempre pensar em melhorias para garantir que a população tenha facilidade com a ferramenta e não mais um processo burocrático.
A alta demanda de acessos também pode gerar atrasos e bugs nos aplicativos, por isso, é sempre importante investir em tecnologia de ponta e desenvolvimento das ferramentas.
Geração de empregos
As empresas de startup também oferecem uma série de oportunidades de emprego. As GovTechs geram oportunidades de emprego e de exercício de inovação e criatividade para as pessoas.
Há espaços especializados para que as pessoas desenvolvam suas ideias de inovação para os setores públicos.
Quais as tendências para GovTechs?
O mercado das GovTechs é altamente frutífero e promissor, concentrando várias projeções para o futuro. Vamos apresentar, a seguir, as 5 principais tendências do setor. Confira!
Descentralização
As GovTechs e as instituições públicas estão esperando o amadurecimento do processo de transição de um governo centralizado para uma governança distribuída.
Nesse sentido, o setor público começa a figurar como fundamental na construção das políticas públicas, passando a reconhecer mais a participação de outras pessoas, setores e instituições.
Esse movimento foi impulsionado pelo período pandêmico, quando as organizações de base se mobilizaram para garantir os serviços básicos e essenciais de atendimento às famílias afetadas pela crise sanitária.
Metaverso
O metaverso é uma das principais tendências do setor tecnológico e ele também estará inserido na realidade das GovTechs.
A partir da combinação do mundo físico e digital, inúmeras possibilidades podem emergir em relação ao trabalho simultâneo de diferentes profissionais em projetos digitais.
É possível pensar em várias ampliações de serviços e atendimentos a partir dos aprendizados obtidos por essa interação entre o digital e o físico.
O futuro do trabalho
A pandemia mostrou como o setor público está despreparado para viver uma revolução digital. Muitos processos que levariam anos para serem implementados foram acelerados para resolver as pendências que o isolamento trouxe.
Desta forma, os serviços públicos passaram a agir de maneira mais “descentralizada”, com os colaboradores em trabalho remoto espalhados em diferentes territórios.
Os serviços públicos começaram a se aproximar ainda mais da população por meio de aplicativos e ferramentas que agilizam o atendimento.
A inteligência artificial como aliada da ética
O processo de aprendizado das máquinas é fundamental e a inteligência artificial é importante para proporcionar uma evolução adequada.
As funcionalidades da inteligência artificial estão cada vez mais inovadoras e prometem contribuir ativamente com a ética, a justiça e a transparência nas ações dos setores públicos.
Segurança cibernética e eleições
Em 2022, o Brasil viverá um novo ano eleitoral. Com a polarização política, várias questões passam pela segurança cibernética.
Com a disseminação de fake news e a credibilidade das urnas eletrônicas colocadas à prova por alguns políticos, a segurança cibernética no processo eleitoral está cada vez mais exigindo atenção e cuidado.
O combate contra a desinformação e a propagação da confiança no processo eleitoral é um dos trabalhos desenvolvido por GovTechs, que elaboram toda a inteligência por trás das urnas eletrônicas, junto com a Justiça Eleitoral.
Marco Legal das Startups
Em 2021, entrou em vigor o Marco Legal das Startups, uma proposta desenvolvida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O Marco estabelece regras diferenciadas para startups, com condições que simplificam a testagem de novos produtos e tecnologias.
O Marco também prevê a licitação e a contratação de soluções inovadoras por administração pública, federal e municipal. Dessa forma, a atuação das GovTechs está validada e reforçada pela legislação.
O texto do Marco prevê: “incentivo à contratação, pela administração pública, de soluções inovadoras elaboradas ou desenvolvidas por startups […] e as potenciais oportunidades de economicidade, de benefício e de solução de problemas públicos com soluções inovadoras.”
Outra mudança interessante é o modelo de licitação especial, que permite ao Estado a adoção de soluções experimentais de startups em caráter de teste, com vigência de 12 meses, prorrogável por mais 12 meses.
Por meio do Marco Legal das Startups, foi liberado um modelo de licitação especial, no qual o Estado pode adotar soluções experimentais em caráter de teste durante o período de 12 meses, prorrogável por mais 12 meses.
Em suma, as GovTechs são startups que trabalham em parceria com os setores públicos a fim de garantir qualidade do serviço e atendimento para os cidadãos. É um mercado em expansão com possibilidade para atuar em diferentes frentes e setores.
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Resumindo
GovTech é uma empresa que alia novas tecnologias com soluções utilizadas pelos departamentos do governo, a fim de realizar trabalhos e oferecer serviços de qualidade para os cidadãos.
As GovTech tem como o objetivo de tornar mais fácil e ágil os serviços prestados pelas instituições públicas, promovendo economia para esses setores.
A descentralização do trabalho, a presença do metaverso, a inteligência artificial como aliada da ética e o reforço da segurança cibernética são tendências para a GovTechs.