Hedge Cambial: o que é e como montar uma estratégia de proteção

Lidar com riscos, como uma alta no dólar, é um fator que preocupa muitos investidores e empresas. O hedge cambial existe para driblar as variações no câmbio e ajudá-los a proteger seus ativos. Entenda como essa estratégia funciona.

Proteger investimentos, ter mais segurança e previsibilidade nas transações são aspectos importantes para qualquer investidor. É por isso que é tão importante se informar sobre estratégias que proporcionam isso. O hedge cambial é uma delas.

Empresas e pessoas físicas que lidam com investimentos ou operações que envolvem mais de uma moeda conhecem os riscos da flutuação do câmbio. Muitas vezes, devido a diversos fatores, as variações podem ser bruscas, causando enorme prejuízo.

Para manter uma margem de lucro vantajosa e evitar perdas, o hedge cambial é uma tática que auxilia investidores e gestores a contornar as incertezas.

Neste artigo, vamos nos aprofundar no conceito e mostrar para você como funciona o hedge cambial, seus diferentes tipos, entre outras informações relevantes. Continue a leitura para saber mais!

O que é hedge cambial?

Hedge cambial é um conjunto de instrumentos e estratégias que visa proteger o valor de um ativo diante da possibilidade dele sofrer alterações futuras.

Existem vários tipos de hedge. Porém, o cambial tem o objetivo de assegurar os ativos ou os patrimônios de um investidor da desvalorização da sua moeda local.

Podemos dizer que ele atua como uma espécie de seguro, pois sua ideia é justamente controlar e limitar riscos. Assim, oferece um pouco mais de visibilidade para quem opera.

Por isso, o hedge cambial é comumente adotado não só por pessoas físicas que lidam com operações com mais de uma moeda. Ele também atende empresas, sobretudo as que operam com importação e exportação.

Um ponto importante aqui é que a estratégia visa proteção. Ou seja, pessoas e empresas que buscam esse recurso desejam se proteger e impedir que perdas significativas aconteçam.

Por que ele é importante?

Em países emergentes, como o Brasil, essa é uma estratégia muito útil. Afinal, em momentos de crise e mudanças políticas e econômicas, o real tende a se desvalorizar frente a moedas mais robustas, como o dólar.

Nesse sentido, ter uma boa estratégia de hedge cambial colabora para evitar a perda brusca dos ativos que podem comprometer o patrimônio e os investimentos.

Para empresas, esse recurso é um aliado para garantir uma margem de lucro mínima nas importações e exportações.

Sendo assim, o hedge cambial é um importante instrumento para trazer um pouco mais de segurança e tranquilidade na operação. É sabido que lidar com renda variável implica riscos e o investidor precisa se preparar para isso.

Contudo, é possível mitigar perigos e perdas significativas. Além disso, ganhar um pouco mais de fôlego e coragem para continuar a investir e operar no mercado financeiro.

Como funciona uma operação de hedge cambial?

O hedge cambial, essencialmente, pode funcionar com base em dois modelos principais. O primeiro deles consiste em realizar uma “trava” no preço do ativo, mirando um cenário futuro.

Essa abordagem utiliza derivativos, como opções ou contratos futuros, que garantem a limitação do preço.

A segunda alternativa é se posicionar em ativos que mostram um desempenho oposto ao do mercado. Um exemplo disso são os Contratos de Câmbio da B3.

De modo histórico, o Ibovespa (índice mais importante de ações da B3), exibe performance contrária ao dólar. Ou seja, quando um sobe, o outro desvaloriza.

Os Contratos de Câmbio oferecidos pela bolsa de valores B3 permitem que o comprador pague antecipadamente para adquirir lotes de dólares pelo preço do dia. Porém, a aquisição será efetivada no futuro.

Se o dólar subir, o investidor garante a diferença. Se ele cair, o valor pago permanece aquele que foi negociado inicialmente.

Para quem o hedge cambial é indicado e quais são seus diferentes tipos?

O hedge cambial é uma operação indicada para pessoas físicas e jurídicas que operam com mais de uma moeda.

Isso é comum para investidores e turistas que planejam ir ao exterior, por exemplo, e para empresas que trabalham com importação e exportação.

Essa tática é para quem está exposto a riscos decorrentes das variações das moedas estrangeiras. Porém, quer evitar a perda de seus ativos.

Existem diferentes tipos de hedge cambial e maneiras que um investidor pode optar para abordar riscos.

A seguir, listamos os principais!

1. Contratos futuros

São contratos em que um comprador e um vendedor acordam, antecipadamente, um valor pré-determinado futuro para o derivativo da moeda e um prazo de vencimento. A maioria dos contratos é em dólar.

2. Swap cambial

O swap é um processo no qual ocorre uma troca de taxa de variação cambial. Nesse caso, a volatilidade no valor de uma moeda estrangeira é substituída por outro indexador, como uma taxa de juros pré-definida.

3. Fluxo de caixa internacional

Para empresas que atuam em países estrangeiros, manter um fluxo de caixa internacional é uma interessante estratégia de hedge cambial.

É possível, por exemplo, ter uma conta corrente aberta em dólar para receber pelas vendas e pagar por serviços contratados fora do país. Por exemplo, a compra de insumos, no caso da importação. Essa tática faz com que a empresa não tenha que lidar com a variação cambial.

Como montar uma estratégia de hedge cambial?

Considerando os diferentes tipos de hedge cambial, o investidor pode pensar em manobras distintas para proteger seu patrimônio. Para isso, basta saber quais são seus objetivos com a operação. 

Confira, a seguir, maneiras para montar uma boa estratégia e contornar prejuízos.

1. Opções

O mercado de opções permite vender ou comprar um ativo em data futura, por um valor pré-estabelecido. Funciona como os contratos futuros.

Em termos práticos, considere um investidor que comprou uma determinada quantia de uma moeda estrangeira. Ele pretende mantê-las em sua carteira por um tempo. Ou seja, a pessoa não tem uma viagem para fazer no curto prazo e nem faz importação ou exportação.

O investidor, preocupado com a possível desvalorização dos seus ativos, pode comprar um contrato de opções de venda para fixar o valor e se proteger.

Aqui, vale um ponto. Diferentemente dos contratos futuros, no mercado de opções o investidor não tem a obrigação de comprar ou vender o ativo na data de vencimento estabelecida.

2. Contratos futuros

São derivativos comumente usados para fazer hedge cambial. Trata-se de um acordo feito entre as partes, com base na especulação do mercado e expectativas de valorização ou queda.

Os participantes negociam os preços dos ativos na data presente, mas o acordo será liquidado no futuro, obrigatoriamente no prazo de vencimento. Isso caso a posição não seja encerrada antes.

3. NDF (Non Deliverable Forward)

NDF, traduzido para o português, significa Contrato a Termo de Moeda. Trata-se de um instrumento de hedge cambial representado por um contrato de compra ou venda de uma moeda a termo.

Nessa operação, a taxa de câmbio, o volume e a data futura, na qual o acordo será liquidado, são combinados antecipadamente.

Na data de vencimento, o contrato é liquidado, considerando a diferença entre a taxa do mercado e a taxa contratada no momento do acordo. Assim, protege as partes contra as oscilações.

4. Fundos cambiais

Fundos cambiais são investimentos atrelados a moedas estrangeiras, como o dólar. Seu objetivo é proteger investidores diante das oscilações da moeda nacional frente à estrangeira. Por isso, são opções práticas e flexíveis, especialmente para pessoas físicas.

Em linhas gerais, esses fundos imitam o desempenho do dólar. Via de regra, o investidor não precisa se preocupar ou gerenciar de perto seus ativos. Caso o dólar suba, o seu patrimônio também se valoriza. Da mesma forma, ao contrário, caso o valor da moeda caia.

5. Trava de câmbio

É um instrumento de hedge cambial semelhante ao NDF, cujo objetivo é fixar a cotação da moeda em uma data no futuro. Dessa forma, protege investidores das oscilações e garante alguma previsibilidade no fluxo de caixa.

Essa alternativa é oferecida por vários bancos especializados, sobretudo para empresas que realizam importação e exportação.

O que é necessário para fazer um hedge cambial?

Para fazer hedge cambial, você precisa procurar uma corretora, abrir uma conta e escolher sua estratégia de investimento

A seguir, falamos sobre cada um desses passos.

Procure uma corretora e abra uma conta

Antes de tudo, você precisa ter uma conta em uma corretora de valores. Por meio dessas instituições, você poderá escolher o instrumento de hedge cambial que mais faz sentido para você.

Algumas delas trabalham com zero corretagem para produtos de renda variável. Logo, essa é uma boa opção a se considerar.

Na grande maioria dos casos, é possível abrir uma conta gratuitamente e de forma descomplicada. Além disso, atualmente, existe a facilidade do digital. 

Dessa forma, muitas corretoras simplificaram seus processos e pode-se realizar operações em poucos cliques via aplicativos e sites.

Escolha sua estratégia

Em seguida, considere as estratégias disponíveis e reflita sobre o melhor instrumento de proteção para seu momento e o mercado.

Você faz investimentos e deseja manter seus ativos na carteira, mas teme a desvalorização da moeda no médio e longo prazo? Vai viajar dentro de alguns meses? Faz importações e quer se proteger diante de uma possível subida no valor do dólar?

São muitos os diferentes cenários e as formas para conservar seu patrimônio. Analise as opções com cuidado e calcule os custos, sempre tendo seus objetivos em mente para tomar a decisão mais correta.

Quais são os exemplos práticos de como o hedge cambial funciona?

Se você chegou até aqui, já deve ter uma boa ideia de como o hedge cambial funciona e ajuda investidores a driblar perdas.

Acompanhe os exemplos práticos que separamos para pessoa física e jurídica!

Pessoa física

Vamos exemplificar, pensando em um caso bem comum: uma viagem de férias para fora do país. Então, suponha que você está planejando uma viagem para os Estados Unidos e precisa calcular os custos.

A viagem será feita daqui a cinco meses, mas você se sente inseguro em relação à situação político-econômica. Por isso, teme uma subida brusca do preço do dólar. Caso uma alta brusca aconteça e a cotação atual mude, a viagem se tornará inviável.

Para manter o valor presente, você utiliza ferramentas de hedge cambial para travar o preço do câmbio. Assim, deixa de se preocupar com a oscilação futura da moeda.

Pessoa jurídica

Agora, vamos pensar em uma empresa que importa artigos de vestuário. Ela deseja fazer um investimento de US$ 150 mil em produtos e quer um prazo de quatro meses para pagar. Vamos imaginar que o dólar está cotado em R$ 5. Logo, o valor a ser pago, em reais, é de R$ 750 mil.

Nesse caso, o empresário precisa ter uma estratégia de hedge para garantir que essa fatura  não dispare com uma possível alta do dólar. O que causaria um enorme rombo no orçamento.

Para isso, será preciso utilizar o hedge cambial para fixar o preço futuro da moeda, dentro de quatro meses.

O hedge cambial é um instrumento muito vantajoso e útil para quem trabalha com moedas estrangeiras. Mesmo quem lida com isso ocasionalmente, como turistas, se beneficia desse conhecimento para poder proteger seu patrimônio. Com isso, consegue evitar que oscilações no câmbio causem sérios prejuízos financeiros.

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Resumindo

O que é fazer um hedge cambial?

O hedge cambial é uma estratégia utilizada para proteger ativos e operações, diante das oscilações das taxas de câmbio.

Como fazer hedge cambial?

Uma operação de hedge cambial pode ser feita com base em diferentes instrumentos. Alguns deles são: contratos futuros, contratos de opções, swap cambial, fundos cambiais e outros. Cabe ao investidor considerar os objetivos de cada alternativa e sua realidade para tomar a decisão mais prudente.

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