As decisões da super quarta impactam a economia do Brasil e dos EUA em diversos aspectos, inclusive, sob a perspectiva dos investimentos.
Você deve ter notado no noticiário que a economia brasileira atravessa um momento complexo que, embora seja marcado pela manutenção dos juros, ainda sente os efeitos da política monetária contracionista, mas isso não se restringe apenas ao Brasil, nos Estados Unidos, o cenário também é desafiador com uma inflação teimosamente elevada e um ritmo de atividade econômica acima do esperado pelo Federal Reserve.
Nesses países, é comum que órgãos responsáveis pelas decisões monetárias se reúnam para definir os rumos da economia, essas decisões que impactam a sociedade são tomadas em reuniões e uma das mais importantes é a super quarta. Mas afinal você sabe o que é?
Neste artigo você vai entender mais sobre um tema acompanhado com atenção pelos investidores e que impacta a vida de milhares de pessoas, confira!
O que é a super quarta?
A “super quarta” é o nome utilizado quando Bacen e o Fed divulgam as taxas de juros de Brasil e Estados Unidos no mesmo dia, em uma quarta-feira. Em diversos momentos, os eventos do Brasil e EUA coincidiram, reforçando a origem da expressão.
As decisões tomadas nestes encontros no Brasil são de responsabilidade do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil e nos EUA do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve. Essas decisões impactam a economia de ambos países, já que implicam em decisões de política monetária.
Super quarta no Brasil
No Brasil, o Copom deve anunciar a manutenção da taxa Selic em 10,50%, assim como no mês de junho de 2024. Se confirmada, essa será a segunda reunião consecutiva em que o comitê decide manter os juros inalterados depois de um ciclo de 7 reuniões marcadas pela redução da Selic.
O anúncio deve ser recebido sem surpresa por parte do mercado, já que membros do Copom e o próprio presidente da instituição sugeriram a manutenção da taxa de juros em 10,50% ao ano. Os últimos meses foram marcados por intensa volatilidade no mercado de câmbio, desancoragem das expectativas e dados ambíguos de inflação, o que deve motivar essa postura conservadora do Copom.
Como os riscos de mais desancoragem das expectativas não estão totalmente descartados, o Copom deve manter a taxa básica de juros conhecida como Selic, inalterada nas próximas reuniões do Copom.
Em março de 2021, o Copom começou a subir a Selic, colocando a economia brasileira como uma das primeiras dentre as maiores do mundo a iniciar um ciclo de alta de juros para combater a inflação, em geral, com cenários bem semelhantes aos de outros países.
De lá para cá, a taxa Selic saltou de 2% para 13,75% ao ano. A decisão da reunião de junho convergiu com as projeções do mercado para reunião do Copom que indicavam que o Banco Central manteria a taxa de juros inalterada em 10,50%. Para os especialistas, o Copom não deve dar pistas sobre os próximos passos da política monetária e sinalizar, ainda que de modo muito cautelar, que a Selic deve permanecer inalterada até que se consolide não apenas a convergência da inflação à meta, mas também a reancoragem das expectativas do mercado.
Quando é a próxima Super Quarta?
A próxima super quarta será dia 18 de setembro de 2024.
Próximas Super Quartas
Em 2024, teremos 4 “super quartas”:
- 31 de janeiro
- 20 de março
- 31 de julho
- 18 de setembro
Próxima reunião do Fed 2024
A próxima reunião de política monetária do Fed acontecerá nos dias 17 e 18 de setembro. Vale ressaltar que o anúncio da nova taxa dos juros americanos impacta não apenas os cidadãos que vivem no país, mas também os investidores mundiais atentos às recentes mudanças econômicas.
Próximas reuniões do Fed
- 17 e 18 de setembro de 2024;
- 6 e 7 de novembro de 2024;
- 17 e 18 de dezembro de 2024.
Super quarta no mundo
O Fed deve manter a taxa básica de juros inalterada em 5,25% a 5,50%. Essa manutenção ainda preocupa o mercado porque, a despeito da acomodação da inflação, o nível de atividade econômica continua acima do desejado pelo Banco Central local.
A manutenção da taxa de juros nos EUA inevitavelmente causa impactos globais e afeta a economia brasileira com as oscilações no câmbio e nos preços das ações negociadas na Bolsa de Valores. Apesar disso, a inércia do Fed neste momento pode trazer mais desvalorização da divisa brasileira no médio e longo prazo.
Apesar de os EUA manterem a sua taxa básica de juros inalterada, o cenário é um pouco diferente do Brasil. O Federal Reserve (Fed) atua como uma espécie de Banco Central global, e é o responsável por comunicar as decisões econômicas.
No Brasil, o Copom deve anunciar a segunda manutenção consecutiva da Selic e a expectativa é de que a Selic permaneça inalterada ao longo dos próximos meses. Nos EUA, os juros devem ser mantidos no corredor de 5,25% e 5,50% ao ano, e como a inflação e a economia têm emitido discretos sinais de desaceleração, o Fomc pode optar por iniciar o ciclo de cortes na reunião marcada para o mês de setembro.
Assim como no Brasil, o desafio do Fed é tentar controlar a inflação, que afeta o poder de compra de milhões de pessoas e consequentemente diversos setores da economia.
Como os EUA são um dos principais mercados do mundo e controla a moeda que é referência para a realização de transações globais, as ações do Fed trazem impactos que não ficam restritos apenas à economia norte-americana, mas a todos os demais países.
O que esperar do Fed?
Apesar dos discretos sinais de desaceleração da inflação e da atividade econômica, o Fed deve optar por uma postura mais conservadora até que os sinais de desinflação e de desaceleração da economia sejam inequívocos. O tom cauteloso do Fed expressa a preocupação da autoridade monetária norte-americana com o nível de preços e de atividade econômica, ambas ainda acima do nível desejado pelo Banco Central dos Estados Unidos.
Essa leitura, apesar de aderente às atuais condições da economia dos Estados Unidos, representa um risco ao poder de compra da população. Está claro que a inflação vai demorar mais tempo a ceder e que a maior economia do mundo está sobreaquecida neste momento. Para os dois casos, inflação alta e sobreaquecimento da economia, os bancos costumam receitar aumentos de juros.
Posto isso, o Fed também não pode negligenciar os problemas do sistema financeiro local e simplesmente continuar o seu ciclo de aumento de juros. Na última reunião, o FOMC anunciou a manutenção dos juros e disse que seu sistema financeiro é sólido. A necessidade de tal afirmação se faz necessária depois das diversas falências bancárias registradas ao longo do primeiro semestre do ano passado.
Reunião do Banco Central Europeu e os impactos econômicos
Apesar da persistência inflacionária registrada na Zona do Euro e dos riscos econômicos que a guerra pode trazer, o Banco Central Europeu decidiu, sem surpresa, manter a taxa de juros inalterada aos 4,25% ao ano depois de ter iniciado o ciclo de cortes de juros no começo do mês de junho.
O BCE anunciou no dia 18 de julho de 2024 a manutenção da taxa de juros a 4,25%, o nível mais elevado desde 2008, quando a autoridade monetária da Zona do Euro corria para reduzir os juros e enfrentar a crise do subprime.
No caso da Zona do Euro, a situação econômica é desafiadora, com diversas economias em sérias dificuldades, como no caso da Alemanha, a principal economia do bloco. Os últimos meses mostraram acomodação da inflação e fraco desempenho da economia, o que pode abrir caminho para a retomada do ciclo de cortes de juros, a despeito das preocupações com a inflação registrada no setor de serviços.
A região está em um claro cenário de estagflação, quando inflação elevada convive com contração do nível de atividade econômica e isso pode ser um sinal de que o BCE tenha que retomar o ciclo de cortes de juros rapidamente. Em outras palavras, o BCE está ansioso para reiniciar o seu ciclo de cortes de juros.
Cenário econômico mundial, o que esperar?
A economia americana continua firme e o Fed pode optar por iniciar o ciclo de cortes de juros apenas a partir de setembro de 2024. Na Europa, apesar dos esforços do Banco Central Europeu em conter o índice de preços, a inflação mostra-se persistentemente elevada enquanto a atividade econômica mergulha em um estágio de estagnação.
Por fim, na China, o Banco Popular da China tem realizado esforços em reanimar a economia, com cortes de juros nas principais taxas utilizadas no país. Os dados do primeiro semestre de 2024 sugerem alguma melhora no nível de atividade econômica a despeito dos problemas com o mercado imobiliário local.
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FAQ
A “super quarta” é o nome utilizado quando Bacen e o Fed divulgam as taxas de juros de Brasil e Estados Unidos no mesmo dia, em uma quarta-feira.
É importante por reunir informações decisivas para a economia em diversos níveis.