Deflação: saiba o que é e como ela influencia a economia

Deflação é a redução generalizada dos preços de produtos e serviços ao longo de um período específico. Ao contrário da inflação, ela valoriza o dinheiro e aumenta o poder de compra da população. Apesar de isso parecer positivo, ela também pode levar a desafios econômicos significativos, como a recessão.

Essa questão é verificada por meio da análise do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de variação de preços no Brasil. Por isso, é necessário entender o que esses conceitos significam e o que o valor do IPCA hoje representa na sua vida financeira.

Neste artigo, vamos explicar melhor a deflação e apresentar as consequências desse cenário de valorização do dinheiro. Continue lendo!

O que é deflação?

Deflação é a queda generalizada do preço de produtos e serviços em determinado período. Ela aumenta o valor do dinheiro e o poder de compra, o que é positivo a curto prazo, mas pode gerar uma recessão econômica em períodos prolongados devido a uma oferta maior do que a demanda.

As consequências são positivas em um primeiro momento, pois estimula o consumo. Contudo, com a valorização do dinheiro por vários meses seguidos, a tendência é de redução dos investimentos e prejuízos para o bom funcionamento da economia. Por isso, deflação e inflação convivem juntas e são usadas como termômetros da economia para diagnosticar a saúde financeira de um país.

Qual a diferença entre deflação, inflação e desinflação?

As diferenças entre deflação, inflação e desinflação são a variação dos preços e a demanda. A deflação é a queda generalizada e contínua, gerando excesso de procura. A inflação é o aumento geral de produtos e serviços, levando ao crescimento da oferta. Já a desinflação é uma subida do valor das mercadorias, mas abaixo do esperado.

Quando os preços aumentam em diferentes setores (como alimentação e vestuário), há inflação. Assim, o dinheiro vale menos e há perda do poder de compra. Se antes você adquiria 1 kg de carne, 1 pacote de arroz e 1 multiuso com R$ 50, você passa a levar somente a carne devido à inflação. Isso faz as pessoas comprarem menos, e a oferta de produtos e serviços é maior.

A desinflação acontece quando os preços diminuem um pouco, mas continuam mais altos do que antes. Portanto, usando o mesmo exemplo, você passa a comprar 1 kg de carne e 1 pacote de arroz com R$ 50 porque o seu dinheiro se valorizou, mas ainda perdeu poder de compra.

O que é pior: inflação ou deflação?

Inflação ou deflação trazem consequências negativas para a economia no longo prazo. Porém, o aumento generalizado de preços tende a ser pior, porque desvaloriza o dinheiro e há perda do poder de compra. Isso causa uma redução do consumo e leva a um efeito cascata, com diminuição da produção e aumento do desemprego e da inadimplência.

A deflação é boa ou ruim para a economia?

A deflação tende a ser ruim para a economia no longo prazo, porque gera impactos negativos como aumento do desemprego, falência de empresas e crescimento da informalidade. Também há elevação do juro real e queda na arrecadação pública. Tudo isso leva à recessão econômica.

Na prática, uma situação deflacionária gera prejuízos para os segmentos de comércio, indústria e serviços porque eles precisam comercializar os itens por um preço mais baixo do que o esperado, o que reduz sua margem de lucro e consome o capital de giro.

Essa queda dos preços leva a outro efeito: os consumidores deixam de comprar e esperam uma redução ainda maior dos valores. Portanto, é estabelecido um ciclo vicioso, no qual comércio, indústria e serviços diminuem ainda mais os seus ganhos.

A deflação pode levar à recessão?

A deflação pode levar à recessão se durar muito tempo, gerando o fechamento de empresas, aumento do desemprego e diminuição da renda. Contudo, vale ressaltar que há países em recessão que nem sempre registram deflação.

Como a deflação é calculada?

A deflação é calculada pelo IPCA, mas também podem ser utilizados outros indicadores de preços, como o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Assim, é feita uma média dos valores cobrados nos principais produtos adquiridos. No entanto, cada um dos indicadores utiliza uma cesta de itens específica.

Cálculo da deflação pelo IPC

O IPC é calculado e divulgado todos os meses pelo IBGE a partir da comparação de preços de serviços e produtos, como artigos de residência, alimentação e bebidas, despesas pessoais, comunicação, habitação, educação, transportes e saúde e cuidados pessoais.

Cálculo da deflação pelo IPCA

O IPCA considera a variação de preço dos produtos mais consumidos pelas famílias brasileiras com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos, como grupos de habitação, alimentação, transportes, vestuário, despesas pessoais, comunicação, saúde e educação. Nesse caso, para calcular a deflação, é feita uma média ponderada em que alguns setores têm um peso maior do que outros.

Qual a relação entre a deflação e o IPCA?

A relação entre a deflação e o IPCA é direta, porque esse é o indicador oficial para medição da variação dos preços ao consumidor. Por isso, ele sinaliza se há aumento ou queda generalizada de preços.

Quais as causas da deflação?

As causas da deflação são a oferta excessiva de produtos e serviços e a pouca quantidade de moeda em circulação. Assim, pode haver muitos itens no mercado, mas pouca demanda. Ou há menos dinheiro no mercado, o que representa um baixo consumo. Isso afeta a produção e as vendas, e resulta em fraca atividade econômica. 

Quais são os riscos da deflação?

A deflação gera o aumento do desemprego pela queda de lucro

A queda contínua e generalizada dos preços pode levar à redução do consumo, na expectativa de que os produtos fiquem ainda mais baratos. Isso faz com que a indústria, comércio e serviços tenham menor margem de lucro, o que pode causar o aumento do desemprego.

As empresas pedem falência por terem dificuldade de venderem seus produtos

A redução no consumo faz com que a oferta seja cada vez maior do que a demanda. Portanto, comércio e indústria ficam com seus estoques parados, ao mesmo tempo que o setor de serviços percebe uma procura menor. Isso diminui a sustentabilidade financeira dos negócios.

A informalidade aumenta na deflação devido ao crescimento do desemprego

Como as empresas começam a demitir seus funcionários na deflação, mais pessoas procuram emprego, porém, o número de vagas diminui. Portanto, cresce a informalidade.

O juro real aumenta na deflação, diminuindo o consumo

O juro real, que é a diferença entre a inflação e a taxa de juros, aumenta no cenário de deflação, o que significa que uma parte maior da renda da população é utilizada para esse pagamento. Dessa forma, há redução da liquidez, do consumo e dos investimentos.

A arrecadação pública diminui em períodos de deflação

O governo passa a arrecadar menos em períodos de deflação porque muitos tributos dependem diretamente do valor cobrado nos produtos e serviços, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Com a redução, os governos federal, municipais e estaduais têm mais dificuldade para cobrir os gastos e há mais risco de déficit fiscal.

A deflação leva à recessão econômica, se durar muito tempo

A recessão econômica acontece quando há desestímulo ao consumo e declínio da atividade econômica – exatamente o cenário causado pela deflação. Períodos de queda generalizada dos preços sinalizam que a economia está ruim e terminam encadeando em uma crise.

Como conter a deflação?

Para conter a deflação, é necessário adotar medidas de política monetária e cambial, fazer o estímulo fiscal e à produção, e incentivar o crédito. Cada uma dessas ações é necessária para melhorar o consumo, a atividade econômica e a realização de investimentos. 

Medidas de política monetária controlam a deflação devido à oferta da moeda e índice da taxa de juros

A política monetária é o instrumento utilizado para definir a taxa de juros e controlar a oferta de moeda em circulação. Em momentos de deflação, o Banco Central pode diminuir a Selic para estimular o consumo. Também é possível imprimir mais papel-moeda para aumentar a quantidade de dinheiro em circulação.

A política cambial ajuda na deflação com a taxa de câmbio e o incentivo às exportações

O ajuste da taxa de câmbio é importante para conter a deflação, porque pode tornar as empresas nacionais mais competitivas. Outras medidas também podem ser adotadas para aumentar a exportação e reduzir a importação, estimulando a indústria.

O estímulo fiscal incentiva o consumo e os investimentos na deflação

O estímulo fiscal passa pela implementação de políticas públicas para incentivar os investimentos e o consumo. Alguns exemplos são o aumento dos gastos públicos e a redução dos tributos. Essas medidas são relevantes na deflação para fazer o país sair da crise.

O estímulo à produção é importante para evitar a queda na atividade econômica durante a deflação

Como a deflação causa queda na atividade econômica, é necessário estimular a produção por meio do aumento da produtividade, redução dos custos e investimento em infraestrutura. Isso gera o aumento da oferta de bens e serviços.

O incentivo ao crédito estimula a demanda em períodos deflacionários

A redução das taxas de juros e outras medidas de incentivo à contratação de empréstimos e financiamentos são fundamentais para estimular o consumo. Isso contribui para a  comercialização de produtos e realização de investimentos, já que as linhas de crédito para empresas podem fortalecer o capital de giro e financiar atividades de expansão, por exemplo.

O Brasil já passou por deflação?

O Brasil já passou por deflação, mas foram poucos períodos ao longo da história. Um deles ocorreu entre 2015 e 2017, quando uma crise econômica gerou queda do consumo e uma diminuição generalizada dos preços. Também aconteceu durante a década de 1930 devido a efeitos da Grande Depressão.

É necessário reforçar que uma queda no IPCA não significa que o país está passando por um período de deflação. Além disso, o mais comum no Brasil é o cenário de inflação. Ele foi característico dos anos 1980 e 1990, quando houve hiperinflação e remarcação de preços constante, várias vezes ao dia.

Entender a deflação pode ajudar nos seus investimentos

Com todas essas informações, fica claro que a deflação impacta a sua vida financeira e os seus investimentos. Compreender os movimentos do mercado e os impactos da queda generalizada de preços é fundamental para definir onde alocar o seu capital.

Além disso, também é uma oportunidade para investir no exterior, em mercados mais estáveis e que permitem fazer hedge. Ter mais conhecimento é sinônimo de aproveitar o ciclo econômico a seu favor. Nesse contexto, a deflação ainda terá efeitos negativos, mas você saberá contorná-los da melhor maneira possível.

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Resumindo

O que é deflação?

Deflação é a queda generalizada de preços de produtos e serviços. Ela deve ocorrer de forma contínua durante determinado período, valorizando o dinheiro e o poder de compra. No entanto, quando tem ampla duração, causa efeitos negativos e pode levar à recessão. Suas causas costumam ser a oferta maior do que a demanda e a pouca quantidade de moeda em circulação.

Quais são os riscos da deflação?

Os riscos da deflação são o aumento do desemprego, o crescimento dos pedidos de falência das empresas e a alta na informalidade. Também há a elevação do juro real e a redução da arrecadação pública. Tudo isso gera recessão econômica.

O Brasil já passou por deflação?

O Brasil já passou por deflação, sendo que o período mais recente foi entre 2015 e 2017. Também foi registrada na década de 1930, como um efeito da Grande Depressão.

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